terça-feira, 8 de março de 2016

O "Big Brother Brasil" desperta ódio e paixão e congrega também

Faço parte de um grupo de grandes amigos jornalistas que desde 2007 cultiva o hábito de debater tudo o que nos interessa. Àquela altura, éramos todos também colegas de jornal. Muitas vezes, comentamos o noticiário, ou banalidades. Até que, do nada, vêm opiniões animadas sobre a revolução digital na imprensa; ou sobre os refugiados sírios. Ou sobre as séries que adoramos, os livros, os filmes, os filhos, os gatos e os cachorros, a Super Terça, as novelas. Falamos também um pouquinho sobre a vida alheia, porque ninguém é de ferro. Mas, quando o “BBB” está no ar, ele fica invariavelmente no centro do papo. Às vezes, nos reunimos para assistir a um paredão. Somos seis mulheres e um homem. Nosso debate apaixonado sobre o programa na hora do almoço costumava ser observado com muito interesse por eventuais convivas no bandejão.
Até que em 2012, criamos um grupo no WhatsApp. É que hoje a configuração da nossa convivência mudou. Uma foi morar em Londres, outra está na sucursal de São Paulo, uma terceira foi trabalhar no G1, e outro é um talentoso escritor, além de jornalista de primeira linha. Como cada amigo tem seu relógio biológico e um fuso horário próprio, quem acorda cedo já começa o dia informado: o insone que varou a noite acompanhando o pay-per-view do “BBB” terá narrado tudo para os retardatários. Ninguém come mosca. E, como se sabe, é de noite que o programa pega fogo. Ontem, por exemplo, Matheus e Cacau transaram de madrugada.
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Ana Paula, que deixou a casa no último sábado eliminada, foi o principal assunto até aqui. Todos concordávamos que ela contribuía para tornar o jogo melhor com seu jeito de intrigueira, querelante, sem limites, como bem resumiu Pedro Bial (foto) na sua despedida. A mineira fez o “BBB” alcançar a sua potência máxima. O reality vive para desestabilizar os participantes com confinamento, hormônios em fúria, festas animadas. Cabe a eles, ao contrário, manter a cabeça no jogo, a frieza. Essa oposição de forças é o cabo de guerra que move toda a dramaturgia. No caso de Ana Paula, ela foi longe demais. Desafiou as regras e deu dois tapas na cara de Renan. Ele, por sua vez, correu para o confessionário e relatou o acontecido. O incidente não arranhou o “BBB”. Ao contrário, serviu para mostrar, diferentemente do que muitos dizem, que quando ele escala bem seu time, empolga. A audiência ascendente da atual edição é a prova disso. Agora, parte do público quer vingança e punição para Renan e Adélia. Vamos ver como será a votação desta noite.
Voltando ao grupo, nosso papo não termina em abril, como acontece com o programa todos os anos. E, a exemplo do “BBB”, tem cada vez mais força, mais assunto, é capaz de mobilizar até mesmo sete jornalistas muito ocupados. É como o reality, que promove, com seus tipos, discussões que vão de bobagens a coisas mais sérias: caráter, visão de mundo, vida em sociedade. É daí que o programa tira a sua força.






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