segunda-feira, 6 de junho de 2016

"Estreamos muito bem e aumentamos a audiência no horário em 30%", afirma autor de "Escrava Mãe"

Gustavo Reiz (foto) é o autor de "Escrava Mãe", trama que lançou o novo horário de novelas da Rede Record. Na entrevista, ele fala sobre o desafio de fazer uma obra extensa e fechada (sim, a novela já está finalizada) e da polêmica cena de estupro mostrada logo no primeiro capítulo. “Juliana (Gabriela Moreyra) descobrir que é filha de uma violência faz com que ela se torne uma mocinha combativa e inconformada”.

Até que enfim "Escrava Mãe" estreou. A Record adiou demais e dizem até que a data escolhida foi o sonho do bispo Edir Macedo. Qual é a verdade nisso tudo? Por que a sua novela demorou tanto a estrear?
A nossa expectativa também era grande, principalmente por causa da qualidade do trabalho. Sempre tivemos a certeza que a novela estava linda e caprichada. Inicialmente, a novela estrearia um segundo horário, inaugurando também a parceria com produtoras. Com todo esse processo de mudança, não seria tão viável produzir duas novelas e, por isso, foi decidido que viríamos na sequência de "Os Dez Mandamentos". Mas o sucesso estrondoso da novela fez com que a emissora optasse pela continuação das produções bíblicas naquela faixa, que acabou se mostrando um acerto. E a ideia do novo horário retornou. O departamento comercial orientou que não estreássemos no final do ano passado, como estava previsto, pois a verba das empresas para publicidade já estaria comprometida. A última mudança foi por conta da estratégia de programação, que também se mostrou um acerto, já que estreamos muito bem e aumentamos a audiência no horário em 30%. Tudo isso acabou gerando uma expectativa interessante para a novela.


Optar por, em certos momentos, ter a narração de Zezé Motta é uma estratégia para explicar a novela para o telespectador? Ele não entende só com os diálogos?
Claro que, sem ser didático, a narração contribui para contar a história. Eu gosto bastante desse recurso, que é tão usado em filmes e séries. No caso de "Escrava Mãe" foi especial ter a Zezé Motta nesse trabalho, tanto que fiz questão de convidá-la pessoalmente para integrar nosso elenco e solicitei que ela também narrasse as chamadas. Por toda sua história e trajetória artística, com papéis tão importantes no universo que abordamos na novela, a Zezé dá credibilidade à essa história que vamos contar. É uma grande artista e procurei homenageá-la em vários momentos da trama, não apenas nesse início. Ter Zezé no elenco é uma honra para mim.


Esta novela interrompe a sequência de novelas bíblicas na Record. Isso significa o quê?
Significa que, além das produções bíblicas que já estão consolidadas na Record, teremos mais opções para o telespectador. Acho isso muito bom para o público e para o mercado.


Novela, normalmente, muda de acordo com o gosto do telespectador. Mas a sua já está toda feita. Então, se não agradar no início… O que fazer?
Temos algumas possibilidades de mudanças na edição, mas não tanto como em novelas abertas, que podemos mudar a condução da história. Como soube desde o início que a novela seria fechada, também procurei acompanhar mais de perto as gravações, ter um feedback maior da direção, da equipe. Apostei em muitas tramas e em todos os personagens, para o público ter mais possibilidades dentro da história. Temos muitas histórias de amor, aventuras, situações cômicas, mistérios. Muitas tramas se desenvolvem e se resolvem rapidamente ao longo dos capítulos.


O que "Escrava Mãe" tem de melhor e o que ela tem de pior?
De melhor, acredito que a estrutura do bom e velho novelão somada a uma realização caprichada; temos uma história central forte, baseada numa das histórias mais conhecidas do Brasil ("A Escrava Isaura"), realizada com o que há de mais moderno em termos de imagem e tecnologia. De pior, acredito que sejam as cenas onde o preconceito domina. É assustador percebermos que ainda hoje temos que lidar com situações que ocorriam quando ainda éramos colônia. Não valorizei os castigos e torturas de forma sensacionalista, mas sabemos que cenas assim podem (e devem!) causar desconforto.


Você ousou e colocou uma cena de um estupro no primeiro capítulo da personagem que lutará por direitos iguais entre homens e mulheres, algo que não existe até hoje. Qual foi a sua intenção em mostrar um estupro logo na estreia?
Juliana (Gabriela Moreyra) descobrir que é filha de uma violência faz com que ela se torne uma mocinha combativa, inconformada, determinada a fugir daquele horror que era considerado normal, levantando questões profundas e importantes sobre o tema. É importante termos personagens que lutem pela igualdade e pelos direitos de todos, até para dialogar com os tempos atuais. Ainda testemunhamos inúmeros episódios de violência e intolerância. São assuntos que devem ser debatidos e acho que a novela, além de emocionar e divertir, também pode trazer uma reflexão interessante.











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