terça-feira, 25 de agosto de 2015

"Babilônia" sofreu 'julgamento moral' em "TV defasada", protesta autor

Para Ricardo Linhares (foto acima junto com Gilberto Braga), coautor de "Babilônia", a novela das nove que se encerra nesta sexta-feira (28) foi vítima de um "julgamento moral" em uma "TV aberta defasada". Pior audiência da faixa das 21h, a produção não foi recusada por falta de qualidade ou por valores artísticos, mas por ousar tocar em temas espinhosos e relevantes, como corrupção, religião e homossexualidade. "É importante não confundir audiência com qualidade. Senão, Chaves seria uma obra-prima. Nós tivemos um julgamento moral, como se o tema pudesse abalar os valores tradicionais familiares", diz.
Em entrevista exclusiva ao Notícias da TV, por e-mail, Linhares toca em um ponto nevrálgico. O telespectador brasileiro é conservador, não quer ver duas senhoras se beijando na TV com a netinha ao lado. E a televisão não conseguiria mostrar uma trama como a da série norte-americana Empire, estrelada por negros que produzem hip hop e que trata com naturalidade dois homens na cama. "A TV aberta brasileira está defasada", conclui.
Perguntado do porque "Babilônia" não foi um grande sucesso (vamos combinar que também não foi um fracasso...), o autor responde: Como alguém pode chamar de fracasso o programa mais assistido da televisão brasileira atualmente? Perdemos umas cinco ou seis vezes na época da estreia de "I Love Paraisópolis", que é uma ótima novela. Já aconteceu dezenas de vezes um capítulo ou outro de uma novela das 19h ter mais audiência que a novela das 21h. Não há nada de inédito nisso.
Após essa oscilação, nunca mais perdemos a liderança. Mas manchetes negativas chamam mais a atenção. A repercussão positiva do público e nas redes sociais sempre foi muito maior do que comentários negativos.
No conjunto da obra, "Babilônia" foi o programa mais assistido da TV no período. Nossos números seriam considerados espetaculares em qualquer país civilizado, onde há pulverização da audiência. No Brasil, ainda persiste o hábito de uma novela atingir o público de 8 a 80 anos, de todas as camadas socioculturais. Acho que isso será cada vez mais difícil. Na minha opinião, a segmentação é a nova realidade da TV. Crianças assistem às novelas infantis; para quem procura escapismo há tramas fantasiosas; quem curte documentários e programas jornalísticos os encontra em canais temáticos. A segmentação acontece em todo o mundo. É normal e saudável. 





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