Há quem culpe o “conservadorismo” e atribua a evasão do público ao demorado beijo de Teresa (Fernanda) e Estela (Nathália) logo na primeira noite. Houve de fato uma reação dos evangélicos. Os autores, Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, e a direção, Dennis Carvalho e Maria de Medicis, decidiram não repetir sequências de carinho entre as duas. Falou-se ainda que “o público rejeitava a maldade”. Não é bem assim. O telespectador nunca aprovará a vilania abertamente. Porém, o antagonismo é um ingrediente ancestral da dramaturgia, indispensável a ela. Não há novela, romance ou ópera sem os personagens negativos. Eles movimentam a história, dão sentido a toda a ação dos mocinhos. Existem exatamente para serem odiados. Por isso, são amados (nem sempre de forma evidente).
Em “Babilônia”, quase todos os núcleos sofreram mudanças pouco depois, numa tentativa da emissora de reverter o quadro. A novela planejada não aconteceu. Alice (Sophie Charlotte), que seria prostituta, partiu para outra profissão. Ela se envolveria com o cafetão, Murilo (Bruno Gagliasso), que foi provisoriamente regenerado para mais adiante mostrar que não tinha mudado. A relação entre ela e a mãe pegou caminhos pouco convincentes. Recentemente, houve dinâmicas que se repetem à exaustão: alguém é preso e libertado logo depois. E volta para a cadeia. Tentativas de assassinato são banalidades. A história se perdeu no começo do caminho. Faltou dramaturgia.
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