quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O lindo episódio de "Pé na Cova": "O Último Baile"

Emocionante é pouco para qualificar “Pé na Cova”. Como se sabe, Marília Pêra (foto) gravou tudo aquilo enfrentando as dificuldades da doença. Com isso, o refinado humor negro da atração pareceu ainda mais poderoso. A série tem a coragem de tratar dos mais espinhosos assuntos fúnebres com graça. Ela desafia o tabu da morte, não é pouca coisa. Anteontem, essa irreverência do texto gritou ainda mais alto.
E por falar em decibéis... Em “O Último Baile ” — título do episódio —, seu Januário, um trompetista conhecido no Irajá, ficou gagá. Ele passou a ir à varanda de madrugada com seu instrumento e a tocar alto, incomodando a vizinhança. É como explicou a personagem de Marília, Darlene: “Ele tá com aquela doença que esquece tudo. Esqueci o nome da doença, acredita?”, riu.
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A mulher dele, Ivonete (Camila Amado), perturbada com o som, já não sabia o que fazer. Para consolar a amiga, Darlene ofereceu uma garrafa de gim. Disse que “a pessoa toma duas talagadas e fica em silêncio por dentro”. Mas a vizinha recusou. Preferiu se entregar ao sinistro Dr. Zoltan (Diogo Vilela), de cuja clínica as pessoas “nem sempre voltam vivas”. Não era eufemismo, porque “Pé na Cova” não pratica o eufemismo.
Como sempre na série, o enredo correu entre a tristeza, a alegria e o bom frasismo. Luz Divina (Eliana Rocha), por exemplo, tentou se lembrar do lugar onde perdeu a virgindade. “Não sei se foi na farmácia, em troca de antibiótico. Ou na padaria, trocando por um sonho”. A última cena foi uma serenata (“A Deusa da Minha Rua”), com o revezamento de personagens na varanda do morto, Januário. Como num sonho, Darlene se despediu. Foi bonito.
Se perdeu, "O Último Baile” está no site do programa.





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