domingo, 6 de dezembro de 2015

Era uma vez uma atriz que fez Silvio Santos gastar uma fortuna, brigou com Susana Vieira, defendeu Caio Castro e odiava bafo e chulé

Marília Pêra nunca teve fama de ser fácil. Gostava de dizer que veio de uma família pobre de atores que tinham trabalhado duro e que era uma CDF, caxias ao extremo no exercício de sua profissão. Daí a fama de difícil, exigente, intransigente. Não gostava de gente que não decorava o texto, odiava atrasos, não mexia no texto dos autores e exigia boas condições de trabalho em suas gravações.
Não queria passar calor. Para Marília, o ar condicionado dos estúdios deveria estar na temperatura ideal. Também reclamava de atuar com atores que não estivessem limpos. Isso mesmo. Detestava bafo e chulé. Deu indiretas a colegas de elenco sobre isso.
Por essas e outras, a fama de "difícil" não a incomodava. Chamada por muitos de "Diva", atriz se mostrava às vezes antagônica. Era capaz de deixar produções na TV em curso por discutir com veteranas como Suzana Vieira, ou abandonar uma peça de teatro por considerar que seus colegas de palco não estavam levando o trabalho a sério.
A mesma Marília saiu em defesa do jovem Caio Castro, que foi achincalhado pela classe artística após uma entrevista à Marília Gabriela, em 2014.
Na TV, fez personagens incríveis e inesquecíveis, mas gostava de se lembrar da personagem e da novela que nunca aconteceram. Marília foi estrela de prateleira de Silvio Santos. E olha que arrancar dinheiro do dono do Baú não era fácil.
Conheça essas e outras curiosidades de Marília Pêra, uma artista completa.

Na prateleira de luxo do SBT

Marília Pêra foi contratada em 1996 por Silvio Santos, por um salário astronômico, para fazer a novela "A Pantera", no SBT. A ideia era gravar em Rondônia uma novela ambientada na década de 1950, com direito a cassinos, drinks e shows mirabolantes da época. Conhecendo o histórico do SBT, jamais fariam uma loucura financeira dessas. A novela nunca saiu do papel. Marília não gravou uma única cena e continuou contratada do SBT, recebendo salário integral, até outubro de 1997, quando foi fazer "Mandacaru", na extinta TV Manchete. Durante o período em que ficou no SBT, Silvio Santos gostava de ideia da ter uma atriz como Marília em seu casting. Só não gostava do fato de ter que pagá-la para não fazer nada.

 Tico-Tico no Fubá

A atriz contava que aos 10 anos de idade foi sozinha ao velório de Carmem Miranda, no Rio. Lembrava das músicas, via nela uma mulher linda e alegre, que brilhava nos palcos. "Nem sei se ela era realmente bonita, mas meus olhos a deixavam linda. E morreu deprimida pela falta de reconhecimento e admiração do público", dizia Marília, que viveu anos depois a cantora em um  musical.

Precoce

A atriz se casou pela primeira vez com 17 anos e se separou com 18 anos.

Chulé e Bafo

Em 2006, em entrevista à TV Globo, Marília disse que não suportava contracenar com atores de mau hálito e chulé. "Há muitos atores que não se preocupam com a higiene", disse ela. Na época, a declaração pareceu uma indireta para Herson Capri, que fazia seu par em "Cobras e Lagartos".

Espelho, espelho meu

Marília, que sempre teve porte de bailarina, dizia que quando era jovem se considerava feia por ser magra demais. Depois, começou a gostar de seu corpo, uma vez que ser magra estava na moda.
"Não sei se me acho bonita ou feia, mas dá para passar horas interessantes comigo. Tenho coisas boas para dizer e contar. Posso dizer que aprendi muito com os personagens", dizia ela.

Chilique do ar condicionado

Durante a gravação da novela "Meu Bem Querer" (1998) Marília se recusou a fazer cenas externas porque não tinha camarim com ar condicionado. Fato que ela mesma confirmou em uma entrevista
"Na Globo, quando gravo novela, reclamo muito do conforto. Os atores merecem um local onde não se fume, onde não tenha televisão ligada e haja tranqüilidade para decorar o texto. A cidade cenográfica da Globo, no verão, é insalubre. É desesperadora, não sei como conseguem gravar o verão inteiro. Pedi muito para a secretária do Daniel (Filho) – não para ter um camarim com ar condicionado –, mas para que a cidade cenográfica tivesse ar refrigerado. Todos se sentiriam melhor", explicou a atriz.

Espancada e presa

Marília substituiu Marieta Severo no espetáculo de teatro "Roda Vida", do Chico Buarque, em 1968, em São Paulo. Duas semanas depois da estreia, foi espancada, nua, pelo Comando de Caça aos Comunistas, da ditadura militar. A atriz foi presa duas vezes, em São Paulo. "Em 69, foram me pegar de fuzil na mão no teatro. Em 70, me denunciaram como traficante, coisa que nunca fui", contou ela em uma entrevista.

Treta com Susana Vieira

Em 2009, o clima esquentou durante as gravações da minissérie "Cinquentinha", de Aguinaldo Silva. Depois de fazer 17 cenas, Marília Pêra desistiu de sua personagem, a ex-hippie Rejane, uma das protagonistas da história. Segundo informações de bastidores, ela teria se desentendido com Susana Vieira, que também integrava o elenco. Em consequência disso, Marília comunicou à Globo que deixaria a minissérie.

No vácuo

Em 2010, durante a gravação de "A Vida Alheia", da Globo, Marília se desentendeu com a diretora Cininha de Paula. Marília não gostou de ver Cininha dando palpites em uma de suas cenas e abandonou a gravação no meio. Dias depois, ela foi ao aniversário da diretora.

Temperamento forte

Após três adiamentos consecutivos, a peça "A Atriz", do inglês Peter Quilter, estreou no início deste ano com nova protagonista. Marília, que adaptou a obra e encabeçaria o elenco, foi substituída por Betty Faria. O motivo para a mudança: o temperamento irascível de Marília, que brigou com colegas de elenco por não concordar com mudanças no texto e na montagem.

Pobre Caio Castro

Marília Pêra saiu em defesa do jovem galã Caio Castro. A veterana criticou a posição de seus colegas de profissão, que repreenderam Caio por seu desinteresse por leitura e teatro, afirmando que para alguém na posição e na idade do galã, isso é normal:
"Como queremos que um menino que não leu os clássicos, que não estudou nada e venceu, queira ler? Ele não precisa, já é um astro, mas não é culpado. Acho normal ele dizer isso e ser um vencedor", disparou a atriz.

Lágrimas

Tema da escola de samba Mocidade Alegre no carnaval deste ano, Marília Pêra caiu no choro ao comparecer a um dos principais ensaios no barracão da escola.
"É lindo. Está sendo maravilhoso. A animação deles, o samba, a bateria, é deslumbrante. Nem acredito que é comigo tudo isso", disse ela na ocasião.

Diva

A atriz tentava explica a fama de difícil.
"Quando sinto que vou ultrapassar meus limites, vou embora, saio andando e deixo as pessoas brigando sozinhas. Aí, dizem que sou diva", explicou a diva que nos deixou.






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