quarta-feira, 11 de novembro de 2015

"Totalmente Demais" tem os bons ingredientes das novelas das 19h

Nas cenas iniciais de “Totalmente Demais”, Eliza (Marina Ruy Barbosa) zanza pelo meio de uma estrada e leva um fino de um caminhão. Ela quer escapar da vida miserável com a família e não sabe como fazê-lo. Mora nos fundos de uma borracharia com a mãe (Gilda/Leona Cavalli), os irmãos e o padrasto bruto (Dino/Paulo Rocha). Eis o prólogo de uma narrativa clássica, cuja maior expressão recente é “Cinderela”. Na estreia da novela de Rosane Svartman e Paulo Halm, anteontem às 19h na Globo, o salvador da moça já apareceu, Arthur (Fábio Assunção), o dono de uma agência de modelos. O empresário calibrou seu pneu naquele fim de mundo e, de quebra, avistou a borralheira Eliza. Como tem um faro infalível para talentos, o público já percebeu que ele vai ser o Pigmaleão dela, uma garota de beleza inquestionável, mas a quem falta uma certa lapidação. Essa trama sem erro foi também uma das mais promissoras do capítulo.
Em outra ponta, fomos apresentados a Carolina Castillo (Juliana Paes). Ela é a editora da revista de moda que dá título à novela, uma personagem que congrega as características de tipos famosos no seu ramo. Dá ordens, comanda reuniões de pauta com temas extravagantes, pisa firme. Está determinada a içar a publicação a outro patamar. Para isso, precisa se associar ao poderoso Germano (Humberto Martins). Carolina arma um editorial de moda na Austrália. Viaja com o diretor de arte (Pietro/Marat Descartes) a bordo de um jatinho em que seguem ainda a mulher de Germano (Lili, a ótima Vivianne Pasmanter). De última hora, Arthur, que “sempre anda com o passaporte no bolso”, embarcou também.
Vimos ainda ao que pode ser o coração da trama: Rosângela (Malu Galli) e Jonatas (Felipe Simas), mãe e filho. Ele finge que tem um emprego formal, ela acredita. As cenas deles, embora breves, foram um dos pontos altos da noite, tanto pelo trabalho dos atores quanto pela temperatura do conflito — sem a pirotecnia de outros núcleos, e, talvez por isso, mais carregadas de emoção. Finalmente, conhecemos Samantha Schmütz (Dorinha) e Hélio de la Peña (Zé Pedro), divertidos, uma promessa de boa comédia, o que é uma das bases das produções do horário.
A julgar pela estreia, Rosane e Paulo não buscarão reinventar a roda. A dupla investiu numa narrativa clássica e fez isso com competência. A parceria com Luiz Henrique Rios, que dirigiu a temporada de “Malhação” assinada por eles, continua afinada. Aqui, voltam a mostrar uma especialidade: a sintonia com o espírito do tempo. A escolha do universo da moda tem a ver com isso. Mas essa habilidade dos autores vai além dos cenários. Quando Carolina olha-se no espelho e exclama: “Eu quero, eu posso, eu consigo!”, está falando de valores — ambição, sucesso, projeção etc — que podem tocar o público de 2015. “Totalmente Demais” começou bem. E olha que, na primeira noite, ainda nem chegou à Austrália, para onde, magicamente como nas boas novelas, Arthur segue sem visto de entrada.







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