É da prática da televisão brasileira usar de extremos absolutos. Ou
simplesmente ignora assuntos que são importantes ou, sem se fundamentar a
um mínimo de coerência, carrega demais na tinta em outros. Resumindo a
ópera, ou faz demais ou faz muito de menos.
A pergunta pode parecer antipática, mas tem que ser feita: a morte do
Roberto Gomes Bolaños (foto), além de ser lamentada como é natural acontecer, merecia
um barulho enorme assim?
Evidente que o personagem, Chaves, tantas vezes apelado pelo SBT, se
tornou bastante conhecido em nosso país. Várias gerações se acostumaram a
vê-lo, quase todos os dias, em diversos horários na televisão, mas a
comoção pelo seu desaparecimento justificou tudo que acabou sendo feito?
Raramente se viu o SBT, em tantos outros acontecimentos, se comportar
da mesma maneira, dando-se inclusive ao trabalho de custear transmissões
ao vivo do México. Ronald Golias, um dos seus contratados, que para nós
teve tanto ou maior valor que Bolaños, não chegou nem a um terço disso.
Ele e inúmeros outros, como a própria Hebe ou Chico Anysio, uma figura
acima de cores das emissoras. Mais uma vez, o que se viu, foi uma
tentativa de tirar proveito da situação. O que se conhece como desespero
por audiência.
O "Chaves", para o SBT, mesmo com o Bolaños sepultado, continuará sendo fator da sua sobrevivência.
O que se viu foi praticamente todas as emissoras darem o registro da sua morte.
A Rede Globo, como maior de todas, por exemplo, no "Jornal Nacional", no "Fantástico" e, ontem, quase um minuto na Ana Maria Braga (adendo: a emissora carioca ainda citou que o programa "Chaves" era exibido no Brasil pelo SBT, fato antes nunca ocorrido na Globo).
Também por aqui, as TVs ignorarem qualquer notícia relativa a um contratado da outra, mesmo em caso de morte.
Os critérios normalmente utilizados ou não existem ou são completamente disparatados.
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