segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

16 anos depois, "Alto Astral" corrige injustiça com personagens lésbicas de "Torre de Babel"

Para quem não tem muita memória televisiva o capítulo do último sábado (20) de "Alto Astral" não parece ter fugido ao repertório da trama das sete. Para variar, Samanta (Claudia Raia) avisa a todos da iminência de um desastre que, de fato, ocorre. Tudo certo não fosse por um detalhe: a tragédia em questão era a explosão de um shopping, mote de "Torre de Babel", novela de Silvio de Abreu exibida em 1998. O autor, que hoje supervisiona o folhetim de Daniel Ortiz, teve dificuldades na época com o excesso de violência dos primeiros capítulos, mas não somente: duas personagens específicas causaram rejeição do público mais conservador. Lésbicas, Leila (Silvia Pfeiffer) e Rafaela (Christiane Torloni) causaram tanta controvérsia que tiveram o destino abreviado: morreram na misteriosa explosão do centro comercial.
Passados 16 anos, a Rede Globo resolveu corrigir a injustiça. Em "Alto Astral", as atrizes voltaram a contracenar e se viram na mesma situação. O shopping em que estavam explodiria dentro de minutos. E, discretamente, os autores incluíram uma referência à morte das namoradas na trama anterior nos diálogos.
Maria Inês: Levanta, Úrsula. A gente tem que sair daqui.
Úrsula: Eu não quero morrer.
Maria Inês: Olha pra mim. Presta atenção. A gente vai sair daqui viva. Eu te prometo. Não vai acontecer nada com a gente. Dessa vez, não.

Ao incluir na sequência uma clara alusão ao ocorrido há mais de uma década, a Globo, mesmo sem querer, corrige uma injustiça e admite que limar as personagens na época foi uma atitude extrema. Demorou, mas Silvio de Abreu conseguiu o que queria na época. Christiane Torloni e Silvia Pfeiffer sobreviveram.


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