Reservadamente, executivos da Globo já admitem não ter Jô Soares como contratado a partir de 1º de janeiro. A pessoas próximas, o humorista, apresentador, escritor e dramaturgo também admite ficar sem vínculo com a emissora no ano que vem. Atarefado com as últimas gravações, diz que vai resolver sua vida nas duas últimas semanas de 2016, quando terá tempo para reflexão.
O principal impasse é a falta de um projeto. O showman não esconde que não quer se aposentar e que, se pudesse escolher, continuaria com seu programa no início das madrugadas. Mas a emissora já decidiu encerrar a atração e escalou Pedro Bial para tocar um talk show após o "Jornal da Globo" a partir de abril.
Profissionais da Globo passaram os últimos meses desenhando uma possível atração para Jô Soares, mas nenhuma delas agradou as duas partes. A emissora queria que Jô passasse a assinar uma coluna no Jornal da Globo, mas ele rechaçou imediatamente.
"Não vou aceitar jamais andar para trás. Eu fiz o Jornal da Globo há milênios [nos anos 1980]. Eu não tenho o menor interesse em fazer, não preciso fazer, não quero e não vou [fazer]", disse ao Notícias da TV em setembro.
Uma história da TV
Jô Soares atua na televisão desde o final dos anos 1950. No começo da década de 1960, trabalhou como produtor do primeiro talk show brasileiro, de Silveira Sampaio. Em 1970, após o sucesso no humorístico "Família Trapo", na Rede Record, foi contratado pela Globo.
Durante cinco meses, em 1973, apresentou seu primeiro talk show, o Globo Gente. O projeto não vingou, mas Jô não abandonou o sonho de ter uma atração parecida com o "Tonight Show" de Johnny Carson (1925-2005), sua grande inspiração.
Em 1987, após comandar programas de humor bem-sucedidos na Globo, foi contratado pelo SBT, onde, a partir de 1988, tocou o "Jô Soares Onze e Meia". Fez muito sucesso, repercutiu e, em 1999, voltou para a Globo. No ar desde 2000, o "Programa do Jô" herdou o mesmo formato do "Jô Soares Onze e Meia".
Ao dar seu último "beijo do gordo", na madrugada da próxima sexta para sábado, Jô encerrará mais um capítulo da história de 28 anos do mais bem-sucedido talk show da TV aberta brasileira. Se depender dele, não será o último.
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