A emissora exibe em 28 de dezembro o telefilme "Uns Braços", adaptado de conto homônimo de Machado de Assis, inteiramente pago por esse incentivo fiscal. A produção está orçada em cerca de R$ 600 mil.
O recurso advém de um artigo da Lei do Audiovisual (chamado 3º A), regulamentado no final do ano passado -o primeiro a beneficiar diretamente emissoras abertas com incentivo fiscal (leia quadro abaixo). Os canais que compram eventos esportivos internacionais, como Copa e Olimpíada, ou obras estrangeiras (filmes, séries etc.) podem utilizar parte do imposto pago pela importação desses produtos na produção de programas nacionais.
É preciso aprovação da Ancine (Agência Nacional de Cinema) e parceria com uma produtora independente para a realização de qualquer projeto que faça uso desse mecanismo.
A Folha apurou que a Record já havia tentando utilizar recursos do artigo 3º para gravar o seriado "Louca Família", do humorista Tom Cavalcante, mas não obteve autorização da Ancine, que também promete vetar programas de auditório, novelas e reality shows.
Praia no interior
A produtora independente Contém Contéudo é a responsável por "Uns Braços". Em 2008, foi parceira da Record na adaptação de outro conto de Machado de Assis, "Os Óculos de Pedro Antão", exibido como especial de final de ano.
A produção anterior também custou R$ 600 mil. Teve apoio da Lei Rouanet, patrocínio da Petrobras e do Banco do Brasil, mas precisou de investimento direto da Record, o que não ocorre com o novo telefilme. "Uns Braços" é protagonizado por Celso Frateschi. "Um dos motivos pelos quais esse projeto me atraiu foi justamente essa nova frente que se abre na TV aberta, que está arejando sua programação com produção independente a partir dos benefícios fiscais", diz o ator.
Para ele, "o povo brasileiro se empobrece da visão fechada da TV aberta". "É até paradoxal, mas é isso mesmo. A TV aberta tem visão fechada", reforça.
Além de Frateschi, estão no elenco Anna Petta, que interpreta uma corregedora na série "9MM", da Fox, e pelo novato Antonio Moraes, de 16 anos.
A equipe está filmando em um casarão histórico em Santana do Parnaíba, a 40 km de São Paulo. O conto se passa em 1870, no Rio de Janeiro. Por isso, o diretor Adolfo Rosenthal conta que o mar da Lapa terá de ser visto pela janela da casa do interior de São Paulo. "O computador vai trazer o mar carioca para cá", brinca o diretor, em entrevista durante filmagens acompanhadas pela Folha.
Fonte: Ilustrada - Folha de S. Paulo (Laura Mattos)
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