Pela
primeira vez, não só uma, mas três emissoras abertas já consideram
abandonar o contrato que mantêm há décadas com a Kantar Ibope - empresa
que mede audiências das emissoras abertas e fechadas, além de rádios, em
todo o país.
A jovem holding criada pelas redes Record, SBT e RedeTV! pode levar as três
emissoras a outras frentes de batalha, além da guerra que movem no
momento contra operadoras de TV paga.
Agora, as três estudam deixar a Kantar nos próximos anos e ficar apenas com a medição da empresa alemã Gfk, e ameaçam quebrar o monopólio de 40 anos do Ibope no Brasil. Para isso terão de apenas não renovar o contrato no próximo vencimento.
Segundo esta coluna apurou com exclusividade, executivos da Record, SBT e RedeTV! se reuniram no mês passado em São Paulo com o CEO mundial da empresa alemã Gfk, que vai concorrer com a Kantar na área de audiência no Brasil.
Além
de as três TVs abertas terem decidido manter os investimentos
milionários na GfK - ao contrário do que fora divulgado na imprensa no
mês passado -, as emissoras também traçaram um plano: por ora manterão
ambos contratos, com GfK e com Kantar, mas o objetivo é ficar com apenas
um - a GfK - até 2020. Ou talvez até antes.
AFILIADAS
Esta
coluna apurou que afiliadas do SBT e da Record já estão sendo avisadas
informalmente de que, nos próximos meses, devem fazer "de tudo" para
fechar contrato com a GfK. Na RedeTV! a ordem também é apressar os
acertos com a GfK pelo país.
O
argumento dos executivos das "três rebeldes" (como são chamadas
jocosamente nos gabinetes de algumas operadoras) é que, além da
desconfiança em relação aos números e a metodologia do Ibope, não há
dinheiro suficiente para bancar dois serviços, cujos contratos são
caríssimos.
Por
trás dessa decisão também há um espécie de confronto à TV Globo, a
líder, que se recusou a bancar investimentos na instalação da GfK no
país. A emissora se considera satisfeita com os resultados da Kantar
Ibope.
Por
isso, a saída eventual da Record, SBT e RedeTV! do Ibope pode ser um
golpe também nas pretensões da Globo em manter o status quo.
Com a medição "rachada", no entanto, haverá uma outra "vítima": os anunciantes, que não saberão mais no que e em quem confiar.
KANTAR IBOPE
Sobre
os assuntos e apurações e citados nesta reportagem, o COO da Kantar
Ibope Media, Antonio Wanderley, afirmou, por meio da assessoria de
Comunicação da empresa:
"Todos
os dias, o dia todo, nos dedicamos ao atendimento aos nossos clientes.
Deixá-los satisfeitos com a qualidade da nossa entrega é o nosso foco.
Hoje estamos totalmente integrados à Kantar Media e fazemos parte da
maior operação de medição de audiência do mundo, presente em mais de 40
países, com acesso a tecnologias de ponta. Confiamos que a nossa
constante dedicação, alinhada à política de transparência e à garantia
dos processos de auditoria, fará com que os clientes permaneçam conosco.
Assina: Antonio Wanderley)"
ATRASOS DA GFK
A
empresa alemã GfK está instalada e mede audiências em vários países ao
redor do mundo. No Brasil ela está há dois anos implantando um novo
sistema de medição, com nova metodologia, aparelhos e, segundo afirmam, a
pretensão é apurar resultados com maior precisão que a atual (leia-se:
do Ibope).
Os
primeiros resultados deveriam ter sido divulgados no ano passado, mas
devido a uma série de atrasos e outros problemas técnicos e de validação
por auditoria independente e internacional, foram feitos vários
adiamentos. Não há previsão de quando sairão os primeiros dados
consolidados da GfK.
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