segunda-feira, 6 de setembro de 2010
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Especialização na violência
Como o cinema, a TV investiu bastante na dramaturgia relacionada à violência nos últimos anos. Entre as emissoras abertas, a TV Record foi mais fundo no gênero com “Vidas Opostas” e a série “A Lei e o Crime” (Ângelo Paes Leme na foto), ambos de Marcílio Moraes. Este caminho ajudou a treinar o espectador para reconhecer de cara um conjunto de signos que caracterizam uma sequência que se pretende eletrizante: sons de tiros, imagem tratada para dar a impressão de agitação, vocabulário específico etc.
Não faz muito tempo, as coisas eram bem diferentes. Prova disso é uma cena de “Quatro por Quatro” — novela de 1994 de Carlos Lombardi — exibida essa semana no canal Viva. Nela, o personagem de Marcelo Novaes acompanhava um grupo de turistas ao Alto da Boa Vista, quando o ônibus em que viajavam era interceptado por uma dupla de bandidos armados. As agressões ficaram restritas ao diálogo cheio de ameaças do tipo: “Passa a grana ou vai voar azeitona na cabeça dos gringos!”. Aos olhos de hoje, tudo parece ingênuo, bobinho, quase teatro infantil.
A TV aprendeu a encenar a violência com enorme realismo. Do ponto de vista objetivo, do refinamento técnico, isso é, claro, bom. Mas fica a pergunta: o que mais o público ganhou?
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