Olhando em retrospecto, é possível afirmar que a TV Globo perdeu a grande chance de renovar sua principal faixa de novelas. A ousadia da trama de vingança que parou o país para descobrir o assassino de Max (Marcello Novaes), deu lugar a "Salve Jorge", folhetim que seguiu fórmulas batidas e acabou virando chacota pelos muitos furos de roteiro. Depois veio "Amor à Vida", que apesar do primeiro capítulo eletrizante, virou um amálgama mal sucedido de tramas prejudicadas pela condução pouco aprofundada e pelo texto didático. Atualmente, o público precisa segurar o sono ao passear pelo Leblon de Manoel Carlos com "Em Família" e sua longas cenas nas quais nada acontece.
É de se admirar que a Globo, depois de uma pretensa revolução causada por "Avenida Brasil", tenha perdido a chance de investir em projetos mais arrojados para a faixa e recorrido a histórias em moldes tradicionais. Até mesmo tecnicamente houve retrocesso. Há um abismo entre a direção de "Avenida" e "Salve Jorge", por exemplo. A emissora poderia ter aproveitado os caminhos abertos por João Emanuel Carneiro para entender que os espectadores não querem mais do mesmo. Querem novidade e ousadia. Insistir em moldes antigos é perda de tempo. Desde a história de Carminha uma novela das nove não registra números acima dos 40 pontos por dias seguidos antes mesmo de sua metade. Os números não mentem: o público quer renovação. E a Globo deixou a oportunidade passar.
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