terça-feira, 19 de março de 2013

Bancada renovada

http://blog.jovempan.uol.com.br/parabolica/files/2011/01/Manhattan-Connection.jpg
Dinheiro demais atrapalha a criatividade: foi por falta de verba, afinal, que vingou o primeiro programa produzido para a TV paga no Brasil, o "Manhattan Connection", agora completando 20 anos no ar. Na época, o canal GNT queria que o jornalista Lucas Mendes (foto no centro da bancada), correspondente em Nova York desde 1968, fizesse um programa de reportagem. "Reportagem é a coisa mais cara do jornalismo, um minuto custava US$ 1 mil, sete minutos por semana seriam US$ 28 mil por mês e eles tinham, se tanto, US$ 10 mil", lembra Lucas. Foi então que ele sacou da gaveta um projeto de programa que ensaiara para o rádio três anos antes, com Paulo Francis e o jornalista Antonio Mendes. "Em estúdio, faríamos algo mais barato. Eles toparam e aconteceu." O programa tanto aconteceu, que resistiu à morte de Francis, em 1997, e trocou de canal aos 17 anos, do GNT para a Globo News, sem perder a receita, o horário das noites de domingo e o time, que se mantém com Diogo Mainardi em Veneza, Ricardo Amorim em São Paulo e Caio Blinder e Pedro Andrade em Nova York, ao lado do âncora. Por ali passaram Nelson Motta, Arnaldo Jabor e Lúcia Guimarães.
Na troca de canal, teve sua audiência triplicada e ganhou uma surpreendente plateia jovem. Até por causa disso, a edição comemorativa, no próximo domingo, receberá universitários de 20 anos que enviaram uma gravação defendendo por que deveriam sentar na bancada do "Manhattan Connection". O programa contará ainda com o antropólogo Roberto DaMatta, primeiro convidado do título. De Nova York, Lucas Mendes conversou com o Estado, por telefone.

O que mudou na troca do GNT pela Globo News?
Para nós, melhorou. A gente tem um estúdio que é menor, mas que é melhor sob todos os aspectos, e tem uma cooperação muito boa da Globo.

Vocês usavam um estúdio da Reuters e agora gravam na sede da Globo em Nova York, é isso?
Isso. O da Reuters era gigantesco, mas o da Globo é mais bem iluminado e nos oferece uma estrutura que não tínhamos. 

O ibope cresceu? Vocês saíram do GNT porque o canal estava se tornando muito feminino?
A explicação foi essa: "Vocês são os únicos homens do canal e a gente está partindo para uma audiência classe C, na qual vocês não se enquadram". 

Mas vocês têm um retorno de audiência dessa troca?
Oficialmente não, porque a gente não é empregado da Globo e não tem acesso aos números. O que a gente sabe é que o programa nunca foi tão bem: triplicou a audiência e está entre as três maiores audiências do canal.

A Globo sugeriu alguma mudança de estrutura?
Eles queriam fazer alguma mudança e eu disse que achava melhor não fazer naquela hora. Toda transição já é difícil, você ainda vai acrescentar mais uma dificuldade, fazendo mudança de pessoal? Eles concordaram e a gente nunca teve um desacordo.

De "pessoal" seria no elenco?
Eles chegaram a falar em trazer de volta o Nelson Motta. Falei: "Aposto 10 x 1 que o Nelson não vem". O Nelson não gosta de ficar num lugar por muito tempo e ficou conosco por tanto tempo, se não me engano, 8 anos.
Ele ficou um tempo em NY e depois no Rio, com o Jabor. Você chegou a dizer que o programa quase virou um "Conexão Rio".
Foi um período em que o programa não foi bem, perdeu audiência. Os dois não estavam ligados no esquema de fora, na pauta que a gente mandava, não fazia parte do dia a dia deles, e estavam indo muito bem em outras carreiras, o Jabor com filme, o Nelson, com livro.


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