quarta-feira, 2 de março de 2016

Em estreia "desastrosa" na GloboNews, Christiane Pelajo bate-boca e toma desmentido

Quatro meses e meio depois de deixar o "Jornal da Globo", Christiane Pelajo (foto) teve uma reestreia "desastrosa" na GloboNews, na avaliação de profissionais do próprio canal de notícias. A primeira edição do telejornal comandado por Pelajo, na segunda-feira (29), foi marcada por um bate-boca da apresentadora com o ministro da Saúde e por uma barriga - termo que no jargão jornalístico significa erro de informação. O programa confundiu casos suspeitos de microcefalia com casos confirmados. Foi objeto de uma nota de desmentido por parte do ministério. Ontem (1º), o telejornal admitiu discretamente que errou.
O "Edição das 16h", nome do telejornal de Pelajo, apresentou na segunda-feira um levantamento mostrando divergência entre os números de casos de microcefalia reportados pelos Estados e pelo Ministério da Saúde. Afirmou que em São Paulo haveria 149 casos confirmados, de acordo com a secretaria estadual de Saúde, enquanto o ministério, equivocadamente, sustentava que não havia nenhum caso confirmado. No Rio de Janeiro, seriam 252 casos confirmados pela secretaria e apenas dois confirmados pelo governo federal.
Ao vivo no estúdio da GloboNews em Brasília, o ministro Marcelo Castro travou um bate-boca com Christiane Pelajo e com a jornalista Cristina Tardáguila, responsável pelo levantamento de dados. Pelajo e Tardáguila pressionaram o ministro a explicar o motivo das divergências e da fragilidade dos dados do ministério. Castro, sem sucesso, tentou mostrar que as informações estavam erradas.
"Não existe nenhuma fragilidade nos dados do Ministério da Saúde. O que há é uma confusão entre casos confirmados, suspeitos, e casos notificados", disse o ministro. "Confirmados no Rio de Janeiro só há dois casos", insistiu.
O apelo do ministro não foi levado em consideração. À noite, o ministério emitiu nota dizendo que lamentava que o "Edição das 16h" "tenha classificado como 'falsos' as informações do grupo de especialistas e os dados encaminhados pelos Estados, contidas nas falas públicas do ministro da Saúde". E deu uma rápida lição de jornalismo: "O Ministério da Saúde considera importante o trabalho da imprensa, com seus questionamentos e críticas. Quando feita de maneira adequada, contribui para o controle social e correção das ações do poder público. A indução ao erro e o reforço a boatos, em uma situação de emergência nacional em saúde pública, no entanto, traz insegurança e confunde a população".
O ministério encerrou a nota anexando documentos oficiais enviados pelos Estados que confirmavam que o ministro estava certo e o jornal da Globo News, errado. Da Secretaria de Saúde de São Paulo, um documento oficial atestava a existência de 149 casos notificados de microcefalia, dos quais 30 foram descartados e 119 continuam sob investigação.
O desmentido do Ministério da Saúde causou um rebuliço nos bastidores da GloboNews. Ainda na tarde de segunda-feira, jornalistas do canal confirmaram que os dados divulgados estavam errados, mas o estrago já tinha sido feito. Ontem, o "Edição das 16h" admitiu o erro, mas não deu o braço a torcer, não reconheceu que confundiu casos suspeitos com casos confirmados. Pelajo leu a seguinte nota:
"Ontem [anteontem], o Edição das 16h classificou como falsa a informação do Ministério da Saúde sobre casos de microcefalia em vários Estados brasileiros. O Ministro da Saúde, Marcelo Castro, explicou que os números sobre microcefalia divulgados pelo ministério e pelas secretarias estaduais de Saúde muitas vezes são diferentes. Isso porque o boletim do ministério é fechado às segundas-feiras, com base em dados recebidos dos Estados até o sábado da semana anterior. Os dados que o Edição das 16h divulgou ontem só seriam atualizados nesta semana pelo ministério. O ministério divulgou nota reiterando as explicações sobre as disparidades dos números e lamentou que os dados tenham sido colocados em dúvida. O programa acolhe as explicações do ministério, mas entende que ontem ofereceu excelente oportunidade para o público entender melhor de que forma são contabilizados os dados pelo Ministério da Saúde".






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