quinta-feira, 31 de julho de 2014

"Meu Pedacinho de Chão" deixará a sua marca na história da televisão

Quando estreou, “Meu Pedacinho de Chão” provocou um choque. Cenários, figurinos, trilha, fotografia, enfim, tudo contribuía para um lindo universo inventado, tudo bem diferente daquilo a que estamos acostumados a ver na TV. Luiz Fernando Carvalho fez uma releitura original, e com assinatura forte, do texto de Benedito Ruy Barbosa. Uma pergunta, no entanto, se impôs: a dramaturgia ficaria em segundo plano, ofuscada pelo esforço concentrado no resultado visual? Se isso viesse a acontecer, o público acompanharia até o final? Houve ainda alusões ao “Sítio do Picapau Amarelo”, para sugerir que a novela era “infantil”.
A esta altura, a um dia do capítulo final, todas essas dúvidas foram dirimidas e o saldo é positivo. Uma cena exibida anteontem, reunindo Bruna Linzmeyer e Irandhir Santos (foto acima dos dois em cena), é muito ilustrativa de tudo isso. A professorinha Juliana beijou Zelão. Conversou com a amiga Gina (Paula Barbosa) e admitiu: “Quando o amor bate, não tem jeito mesmo”. Gina perguntou: “Então ocê reconhece que ama o Zelão?”. E Juliana, olhando para o infinito: “E como... E como”. Diálogo mais típico de uma novela clássica impossível.
Assim foi “Meu Pedacinho de Chão”: contou uma história tradicional, mas fugindo do formalismo. Ser “diferente de tudo o que já se viu” não é necessariamente um mérito. Contudo, aqui foi. Não à toa, muitos leitores escrevem para cá dizendo que “já estão com saudades”. Essa produção será lembrada.
Para encerrar, recomendo vivamente a quem não assistiu que procure, no site do Gshow, a sequência de Bruna com Irandhir num campo nevado. É preciso ver para entender a beleza da coisa. E, no caso de “Meu Pedacinho de Chão”, as descrições são insuficientes.


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