Após as
recentes gafes nos telejornais da Rede Globo, os jornalistas viraram notícia.
A bufada de Patrícia Poeta no "Jornal Nacional" e a caneta de Sandra
Annenberg no "Jornal Hoje" ganharam uma repercussão maior do que o próprio
conteúdo jornalístico. Para cientistas da comunicação, os recentes
acontecimentos expõem uma "crise de identidade" no telejornalismo. Ao se
"humanizar", o jornalismo de TV revela sua "luta pela sobrevivência".
Na segunda (2), Patrícia Poeta (Foto acima ao lado de Galvão Bueno) apareceu bufando no "Jornal Nacional". Telespectadores tiraram sarro e comentaram que a jornalista, que cobre a seleção brasileira ao lado de Galvão Bueno, estava irritada ou estafada.
Na quarta-feira (4), William Bonner interrompeu o telejornal para explicar que ela fazia aquecimento vocal, obrigatório para apresentadores e repórteres, e não percebeu que estava no ar. A conversa de Bonner com Poeta teve mais espaço do que outras reportagens exibidas no mesmo dia.
Na terça (3), Sandra Annenberg deixou a caneta cair no encerramento do "Jornal Hoje" e não conseguiu evitar uma gargalhada. A reação da apresentadora foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais.
O professor de telejornalismo da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Antonio Brasil, não vê problemas na transformação de jornalistas em personagens, como uma espécie de "humanização" do profissional que antes só emitia informações. O problema, na visão dele, está quando o programa abusa da superficialidade e perde conteúdo, como acontece atualmente e evidencia uma crise de identidade que deverá extinguir o modelo atual de telejornalismo.
"O jornalismo de TV luta desesperadamente para sobreviver. A estratégia de 'humanização' de seus profissionais é uma das atitudes 'desesperadas' para continuar relevante. O fim dos telejornais como conhecemos, com ou sem as gracinhas do William Bonner, é inevitável", argumenta o professor.
Na visão de Eugênio Bucci, docente de jornalismo da USP (Universidade de São Paulo), a quebra de formalidade entre William Bonner e Patrícia Poeta sobre a bufada ao vivo é comparável a um talk show e não compromete a credibilidade do "Jornal Nacional".
"Fiquei impressionado positivamente com o traquejo de Bonner e Poeta, saíram da gafe com uma descontração admirável. [Jornalista virar notícia] é uma preocupação correta, mas não é tão séria quando o assunto é futebol. Não digo que eles não deixaram de ser jornalistas, não quebraram o protocolo pelo clima da Copa do Mundo", avalia Bucci.
Para Wagner Belmonte, professor de jornalismo da Fapcom (Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação), a bufada de Patrícia Poeta não é grave em comparação com outras gafes mais pesadas, como a risada de Sandra Annenberg ao ver sua caneta no chão. Em sua opinião, jornalista virar notícia não é humanização, e sim marketing pessoal, e o jornalismo está refém do entretenimento.
"A reação de Sandra Annenberg ao deixar a caneta cair, dando um sorriso, é uma apresentação infantiloide, cheia de caras, bocas, mimos e dengos. Prefiro o padrão da Christiane Pelajo [apresentadora do 'Jornal da Globo']. Sem sedução, poderia inspirar muitas jornalistas", compara.
Na segunda (2), Patrícia Poeta (Foto acima ao lado de Galvão Bueno) apareceu bufando no "Jornal Nacional". Telespectadores tiraram sarro e comentaram que a jornalista, que cobre a seleção brasileira ao lado de Galvão Bueno, estava irritada ou estafada.
Na quarta-feira (4), William Bonner interrompeu o telejornal para explicar que ela fazia aquecimento vocal, obrigatório para apresentadores e repórteres, e não percebeu que estava no ar. A conversa de Bonner com Poeta teve mais espaço do que outras reportagens exibidas no mesmo dia.
Na terça (3), Sandra Annenberg deixou a caneta cair no encerramento do "Jornal Hoje" e não conseguiu evitar uma gargalhada. A reação da apresentadora foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais.
O professor de telejornalismo da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Antonio Brasil, não vê problemas na transformação de jornalistas em personagens, como uma espécie de "humanização" do profissional que antes só emitia informações. O problema, na visão dele, está quando o programa abusa da superficialidade e perde conteúdo, como acontece atualmente e evidencia uma crise de identidade que deverá extinguir o modelo atual de telejornalismo.
"O jornalismo de TV luta desesperadamente para sobreviver. A estratégia de 'humanização' de seus profissionais é uma das atitudes 'desesperadas' para continuar relevante. O fim dos telejornais como conhecemos, com ou sem as gracinhas do William Bonner, é inevitável", argumenta o professor.
Na visão de Eugênio Bucci, docente de jornalismo da USP (Universidade de São Paulo), a quebra de formalidade entre William Bonner e Patrícia Poeta sobre a bufada ao vivo é comparável a um talk show e não compromete a credibilidade do "Jornal Nacional".
"Fiquei impressionado positivamente com o traquejo de Bonner e Poeta, saíram da gafe com uma descontração admirável. [Jornalista virar notícia] é uma preocupação correta, mas não é tão séria quando o assunto é futebol. Não digo que eles não deixaram de ser jornalistas, não quebraram o protocolo pelo clima da Copa do Mundo", avalia Bucci.
Para Wagner Belmonte, professor de jornalismo da Fapcom (Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação), a bufada de Patrícia Poeta não é grave em comparação com outras gafes mais pesadas, como a risada de Sandra Annenberg ao ver sua caneta no chão. Em sua opinião, jornalista virar notícia não é humanização, e sim marketing pessoal, e o jornalismo está refém do entretenimento.
"A reação de Sandra Annenberg ao deixar a caneta cair, dando um sorriso, é uma apresentação infantiloide, cheia de caras, bocas, mimos e dengos. Prefiro o padrão da Christiane Pelajo [apresentadora do 'Jornal da Globo']. Sem sedução, poderia inspirar muitas jornalistas", compara.
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