quarta-feira, 23 de abril de 2014

Silêncio de luto em fim de telejornal surgiu com erro de edição

Também na televisão, em quase tudo, existe uma história interessante por trás. Foram muitas as homenagens ao Luciano do Valle (foto), com certeza menos do que merecia ou do que representou como figura esportiva, desde a tarde de sábado quando foi transmitida a notícia do seu falecimento.
Na TV, de uns anos para cá, se adotou o silêncio como a maneira mais apropriada ou como deferência mais adequada para fechar respeitosamente uma nota sobre alguém importante que se foi.
O que pouca gente sabe é que isto surgiu por simples obra do acaso ou por um simples erro de edição. Roberto Salim, hoje na Espn Brasil, mas nos seus tempos de TV Globo, foi encarregado de fazer uma nota sobre a morte de uma pessoa conhecida. E fez tudo como deveria ser feito, deixando para o editor, apenas o trabalho de colocar uma música para fechar. Coisa que este editor, por qualquer motivo não fez ou não conseguiu fazer e só se percebeu no momento que foi ao ar.
Entrou a informação e o silêncio na sequência, pra desespero e palavrões do Salim. Para sua surpresa, genial foi o elogio mais comedido que ele recebeu naquele dia, para aquilo que agora virou uma formalidade quase obrigatória.
Quando tomou gosto pelo vôlei e resolveu colocar este esporte em rede nacional, Luciano do Valle se cercou de todos os cuidados.
Na primeira transmissão, chamou os câmeras e o diretor de TV escalados para uma partida, para prevenir: "tem um deles, Bernard, que costuma jogar a bola no teto do ginásio. Por favor, toda atenção nele". O que depois ficou conhecido como "jornada nas estrelas".
Em situações como a de agora, é preciso tomar muito cuidado para não cair no ridículo. E muitos, sem a menor cerimônia, já caíram. Alguns, que nunca tiveram a menor intimidade com ele, tentaram tirar a lasquinha básica com a morte do Luciano. Coisa mais feia.
O Luciano foi um grande narrador e, reconhecidamente, um apaixonado pelo esporte. Deve ser lembrado e exaltado por isso. Mas foi também um ser humano comum, com virtudes e defeitos. É descabida, portanto, a tentativa de querer transformá-lo em santo. Não é por aí.


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