A Record procura brechas legais e estuda as consequências caso decida quebrar o acordo de Gugu com a parricida. Quer reprisar o material no "Balanço Geral Manhã", de Luiz Bacci, que passará a ser exibido em quase todo o país, com três horas de duração, a partir de segunda-feira (11).
Condenada pelo assassinato dos pais, em 2002, Suzane só concordou em dar entrevista para Gugu Liberato após a assinatura de um documento que proibia outros programas da Record de reprisar o material ou parte dele, exceto chamadas de programação. O acordo foi assinado por Suzane, por sua companheira, Sandra Regina Ruiz Gomes, e por Mafran Dutra, diretor-geral de produção, principal executivo do dia a dia da área artística da Record.
Suzane vetou a exibição da entrevista em outros programas da Record porque se sentia prejudicada pela emissora. Em 2006, quando aguardava julgamento em liberdade, o "Domingo Espetacular" provocou seu retorno à prisão. A reportagem mostrava Suzane de "férias", frequentando praias, restaurantes e sorveterias. A repercussão foi péssima para a Justiça, que revogou a liberdade provisória.
Em 2012, Suzane entrou com ação contra a Record pela exibição de imagens suas dentro do presídio de Tremembé. Um ano depois, a emissora foi condenada a não mais captar imagens de Suzane dentro de presídios. A Justiça também vetou notícias sobre seus relacionamentos com outras detentas. O documento assinado para a entrevista a Gugu faz menção a essa decisão. Suzane assume que o acordo não configura desrespeito à sentença.
Para conseguir a entrevista, Gugu prometeu tratá-la com dignidade e deixá-la falar o que ela queria. Mas Suzane, que estudou direito, exigiu a assinatura de um acordo. A detenta, no entanto, vacilou em um detalhe: o documento não prevê sansões, como multas, em caso de descumprimento. A Record deve se aproveitar dessa falha para reexibir o a entrevista no programa de Luiz Bacci. Se não gostar, caberá a Suzane comprar outra briga com a emissora na Justiça.
A Record não se manifestou até a conclusão deste texto.
Se a emissora quebrar um acordo assinado em papel, independente de multas, mostra-se perante a todos de que não é confiável. A credibilidade que a Record já não tem por pertencer a igreja Universal, cujo dono é o mesmo dono da emissora, vai cair mais ainda perante a justiça e a opinião pública.
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