- Levo uma vida discreta, não tenho internet e quase não vou a festas. As pessoas acabam se esquecendo de mim, não me ligam. Hoje, sou visto pelas ruas carregando sacolas de supermercado, mas, ainda sim, sou reconhecido pela minha voz - conta Roberto, que mora no Corte de Cantagalo, Zona Sul do Rio, com a mulher, Flora, com quem está há mais de 50 anos. Eles não tiveram filhos.
Nascido em Campinas (SP), Roberto começou a carreira como radialista e acabou se tornando radioator. A migração para os teledramas da TV Paulista e, depois, para os filmes da Atlântida foi uma consequência natural. Nos anos 1970, participou de várias produções de "conteúdo sexual" e fez "uma pontinha aqui e outra ali" nas pornochanchadas. Ele não aprova o termo:
- Esse rótulo precisa ser usado com cuidado. Pornochanchada era sexo por sexo, muito diferente dos filmes de Walter Hugo Khouri. Uma vez até comentei com ele: seus longas são tão sofisticados que não dão tesão - lembra Roberto, acrescentando, em seguida, que a Boca do Lixo (polo da indústria cinematográfica onde se produziu muito a pornochanchada) deu emprego a muita gente. - Às vezes, os caras me convidavam para fazer uma pontinha e eu aceitava, mas sem sacanagem, sem me expor ao ridículo.
O ator, no entanto, diz que nunca teve problemas em fazer cenas de sexo. Pelo contrário: confessa que tem saudades daquele tempo e que, outro dia, estava zapeando quando se deparou, no Canal Brasil, com "Herança dos Devassos" (1979), longa que fez com Sandra Bréa.
- Fiquei impressionado com a qualidade do filme. É excelente.
Perguntado sobre o que sentiu ao ver as cenas de sexo, Roberto riu:
- Ah, deu saudade. Se voltasse a ter 60 anos já estava bom demais.
Na TV, no entanto, o ator teve poucos papeis de relevância. O maior destaque foi com "Final Feliz", novela de Ivani Ribeiro, exibida em 1982, em que contracenou com Lilian Lemmertz (foto abaixo). Seu grande sucesso foi mesmo como apresentador do 'Documento especial", jornalístico dirigido por Nelson Hoineff que estreou em 1989 na TV Manchete. Ele foi parar lá porque fora um dos apresentadores do "Jornal da Manchete".
- Fomos muito ousados no "Documento Especial". Lançamos novos padrões ali - gaba-se Roberto, admitindo, no entanto, que gostaria de voltar a atuar em novelas. - Mas não faço mais papel de rico, não tenho saco. Sempre fui escalado para esse tipo de personagem. Adoraria interpretar um personagem pobre.
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