sexta-feira, 17 de abril de 2015

Em guerra de egos, TV Record demite autores de entrevista de Richthofen

Responsáveis pelo maior feito do programa de Gugu desde que voltou ao ar, em 25 de fevereiro, sete profissionais que negociaram e trabalharam na entrevista com Suzane von Richthofen (foto acima junto com Gugu) foram demitidos pela TV Record. Eles foram vítimas da guerra de egos e da disputa entre as áreas artísticas e de jornalismo da emissora. Desde o final de março, o show de Gugu Liberato está sob o comando do jornalismo, que ainda não digeriu o fato de ter perdido para um programa de entretenimento uma entrevista que tentava fazer havia dez anos.
Novo diretor-geral do Gugu, o jornalista Virgilio Abranches está dispensando profissionais da equipe formada por Vildomar Batista, seu antecessor, que foi colocado na geladeira da Record. "A sensação é de injustiça. A gente conseguiu o que o jornalismo da emissora tentava fazer havia quase uma década, mas, em vez de sermos recompensados, fomos descartados por causa de vaidade", diz um jornalista demitido, que pediu não quer ser identificado. 
As demissões estão sendo feitas aos poucos, uma a uma, para não "virarem notícia". Começaram na semana passada. Dois diretores de externas, dois editores finalizadores e três produtores foram dispensados. Outros dois funcionários pediram para sair por conta do "climão" que está nos bastidores. Todos trabalharam na entrevista de Suzane von Richthofen, condenada por assassinar os pais. A reportagem foi a maior audiência do programa Gugu até agora, com 16,5 pontos no Ibope da Grande São Paulo.
Outro funcionário, que também não quer ser identificado, afirma que mais demissões vão ocorrer. "É uma questão de tempo. Por enquanto, somos mão de obra barata", diz, referindo-se ao fato de os salários dos profissionais contratados pela produtora de Gugu, a GGP, serem 30% mais baixos do que os pagos pela Record. Por causa da transferência para o jornalismo, o programa passará a ser realizado nos estúdios da Record, na Barra Funda (zona oeste de São Paulo), e não mais na GGP, em Alphaville (Grande SP).
A produção tinha 38 profissionais quando foi implantada, mas ganhou reforços com a troca no comando. Praticamente dobrou de tamanho com funcionários "emprestados" pelo departamento de jornalismo. 
O contrato do ex-diretor, Vildomar Batista, termina daqui a três meses. Especula-se que a estratégia da Record é deixá-lo sem projetos, assim como a emissora fez com os ex-apresentadores do "Hoje em Dia" (Chris Flores, Celso Zucatelli e Edu Guedes), para forçá-lo a sair ou baixar seu passe numa eventual renegociação.
A briga de egos nos bastidores do programa de Gugu começou muito antes da estreia. Inicialmente, a direção da emissora queria que o apresentador tivesse um programa mais voltado para o entretenimento, com games e brincadeiras. Mas a equipe contratada por Batista tentou mesclar entretenimento com jornalismo, gerando ciúmes dentro da própria Record.
Muito do conteúdo apresentado nos últimos programas são ideias que estavam sendo desenvolvidas pela equipe que implantou o programa, não pelo departamento de jornalismo. A entrevista com Marcelo Rezende, por exemplo, foi sugerida pelo time de Vildomar Batista, mas o vice-presidente de jornalismo, Douglas Tavolaro, a vetou. Liberou assim que sua área assumiu a atração.  
Desde quarta-feira (15), o Notícias da TV vem tentando registrar o posicionamento da Record sobre o assunto. Esclarecimentos foram solicitados por telefone e por e-mail, mas não houve resposta. Na tarde de quinta-feira (16), às 15h15min, por telefone, o departamento de comunicação da emissora disse que iria verificar se a empresa se pronunciaria. Optou pelo silêncio.


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