Há algumas explicações para isso. Nilson Xavier, em seu blog, apontou uma: a trama ágil. “Para manter o telespectador fisgado na história, o autor parece dar uma guinada na trama a cada bloco de capítulos. "Boogie Oogie" é uma das poucas novelas em que se tem a sensação de que perder um capítulo faz falta sim”, escreveu, com muita propriedade.
Acrescento a este ponto um outro, correlato: a edição intensa da novela. Repare que as cenas de “Boogie Oogie” duram muito pouco, raramente mais do que um minuto. Quando a cena precisa ser mais longa, ela é dividida, sendo intercalada com outras. O recurso também não é original, mas obriga o espectador a ficar muito atento.
Todo capítulo de “Boogie Oogie'' tem drama, correria, briga, gritaria, entra-e-sai, revelação, vai-vém, separação, mais drama, outra revelação, mais correria, tudo temperado com uma trilha sonora repleta de hits dos anos 70. É uma novela que exige preparo físico emocional para acompanhar (risos).
O texto de Rui Vilhena, assim como a estrutura da novela, consegue agradar mesmo reproduzindo o que há de mais comum nos diálogos. Inteligente, o autor reserva sempre boas tiradas para alguns personagens, em especial para a vilã Carlota (Giulia Gam) e para Tadeu (Fabrício Boliveira), o filho da empregada que, ajudado pela patroa, se formou em direito.
Vilhena também tem o mérito de, trabalhando sobre alguns tipos pouco originais, conseguir transformá-los em personagens com aparência nova. É o caso de Claudia (Giovanna Rispoli), por exemplo. Já houve muitas “pestinhas” em novela, mas nenhuma tão doida e objetiva quanto ela. É também o caso de Fernando (Marco Ricca), o marido rico e adúltero, que “administra” três mulheres ao mesmo tempo com uma cara de pau impressionante.
Depois de dois meses no ar, “Boogie Oogie” me parece escrita com o objetivo de provar que não é preciso, necessariamente, inovar para cativar o público. Dito de outra forma, é uma novela velha usando uma roupa nova que lhe cai muito bem.
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