quinta-feira, 9 de outubro de 2014

"Quero uma vida gaiata", dispara Angélica em entrevista

HOJE A COLUNA FAZ ANIVERSÁRIO! São três anos que estamos ao lado dos nossos fiéis leitores do jornal O DIA. Por isso, a edição hoje é especial com uma estrela da TV: Angélica. Sempre me disseram que a mulher de Luciano Huck era bem despojada, brincalhona e muito real. No bate-papo que tive com ela, Angélica mostrou que é gente como a gente. Uma das melhores entrevistas já feitas por esta coluna. Divirtam-se! 

Eu já ouvi falar que você e Luciano (Huck) dormem em quartos separados. É verdade?
Eu e Luciano (risos)? Não. Nunca, jamais.


E os banheiros são separados?
Os banheiros são separados, sim. Na verdade, eu adoro banheiro. Fico no banheiro com as minhas coisas e me pego às vezes alí lendo revistas, enfim, eu gosto. O banheiro do Luciano fica dentro do closet dele. É um lugar íntimo mesmo, privado de cada um. É o nosso canto de privacidade. Mas o quarto não teria a menor chance. Imagina, eu ser casada e dormir em quartos separados? A noite é a hora que a gente fica junto, consegue conversar depois que as crianças dormem, então, eu acho que não teria a menor condição de dormir separado. 


Você já se perdeu dentro de casa?
Não, eu sou uma pessoa com bom senso de direção. Aliás, do casal eu sou a que tem o melhor senso de direção. Eu passo uma vez no lugar e já sei voltar. Sou um GPS ambulante.


Sério?
É sim. Sou uma pessoa bem ligada no trânsito. Eu vou indicando o caminho ao Luciano, sou rápida nessas coisas. Estou sempre ligada, nunca me perdi e nem perdi nada.


Você dirige bem? Já bateu com o carro?
Eu dirijo bem, mas, na verdade, comecei tarde. Como comecei a trabalhar cedo, sempre tinha um motorista para me levar. Comecei a dirigir faz pouco tempo, eu tinha uns 28, 29 anos. Nunca bati o carro, não ando muito devagar, mas presto muita atenção. Fico atenta por todo mundo, acho que dirijo bem sim.


No "Estrelas" você acompanha os convidados cozinhando. Mas, eu não imagino você na cozinha. Você se aventura nessa área?
E nem precisa imaginar, eu não sei cozinhar (risos). É o tipo da coisa que não dá para imaginar mesmo.


Você lembra a última coisa que você fez na cozinha?
Acho que foi ontem, um chá. Na verdade eu sempre falei que sou turista na cozinha. Na minha infância e adolescência, eu estava trabalhando. Nesse período é que as pessoas começam a aprender e acompanhar a mãe na cozinha, aquela coisa da observar a fazer um bolo, por exemplo. Eu não tive esse momento de pegar o prazer de cozinhar e de brincar de casinha com a minha mãe. Eu comecei a aprender o pouco que sei na cozinha com o "Estrelas" (Globo), que já tem nove anos. Na verdade, tudo que eu sei aprendi no programa. Não sabia quebrar um ovo.


Tem alguma coisa que você não teve na sua infância, por conta do seu trabalho desde cedo, e que você faz questão que os seus filhos tenham?
Cara, Leo… Tem um monte de coisas. Eu realmente tive uma infância muito diferente. Essas coisas não me fazem falta porque eu não vivi. Hoje, eu vejo que são coisas bacanas e que eu quero proporcionar para eles. De vez em quando eu coloco eles na cozinha para brincarem de fazer alguma coisa, arrumar cama, além de coisas do dia a dia que são normais e eu acho bem importantes. Dentro do possível, do que podemos proporcionar, eles têm uma vida muito normal. Resgato isso em mim também, para viver um pouco disso que não tive. Eles me ensinam muita coisa.


Você pinta o seu cabelo para ficar mais claro ou ele é dessa cor?
Meu cabelo é louro dessa cor. Há um tempo atrás fiz luzes. Há uns sete anos, fiz uma campanha de tintura e fiquei ruiva. Foi a primeira vez que pintei o cabelo. Fiquei mal, com depressão e durante dois dias andei de boné porque não conseguia me olhar no espelho. Dias depois pintei meu cabelo de louro de novo e depois foi voltando ao normal. Hoje ele voltou a cor natural, não faço nada não.


Então, há sete anos você recebeu essa proposta para mudar o cabelo. Hoje, mesmo depois de uma experiência traumática, você toparia fazer de novo?
Foi tão sofrido para mim… Acho que aceitaria porque agora já foi, já tirei a virgindade do cabelo.


Seu cabelo era mais ondulado também, não? Você fez alguma coisa?
Sim, sim. Vou te contar que depois das gestações meu cabelo mudou muito. Primeiro que caiu bastante, eu tinha uma juba de leão e agora ele é mais ralo. Fico chocada quando revejo o "Globo de Ouro" e vejo a quantidade de cabelo que eu tinha. A cada gravidez foi caindo mais o meu cabelo, mas em compensação ganhei outras coisas (risos). Meu cabelo mudou a textura, mas nada que aqueles tic-tacs com mechas não resolvam. Acho que isso tem a ver com mudança de hormônios e essa rotina de mexer no cabelo fazendo escova, babyliss etc.


Você teria algum problema em falar se tivesse alisado o cabelo?
Não, nenhum. Meu cabelo está muito fragilizado, cuido bastante dele evitando química. Hoje em dia quem quer alisar pode fazer uma escova, chapinha, nada definitivo, sabe? Eu uso muito cabelo, então é bom variar nesse sentindo: um dia estar com ele liso e outro cacheado.


Você toma algum tipo de cápsula para beleza?
Eu tomo sim, mas são coisas tipo: vitamina C, ômega 3, que sabemos que pode tomar e que toda ortomolecular receita. Teve uma época que tomei umas cápsulas para colágeno, que comprei em farmácia estrangeira. Por dia são tipo umas quatro pílulas, isso é algo preventivo e eu adoro. Sempre tive muito envolvida nessas coisas. Desde nova sempre trabalhei com imagem, então, isso é natural. Sempre quis fuçar novas teses, teorias e com esse tempo tirei minhas conclusões e sigo o que acho bacana. Por enquanto não estou seguindo nada radical, tenho hoje o acompanhamento da Andréa Santa Rosa, que me indica algumas coisas. Logo depois que parei de amamentar fiz um trabalho de quatro meses com ela e emagreci. Fiz dieta e tomei alguns produtos manipulados. Agora parei e estou mantendo a questão de alimentação.


Falando em alimentação. Seus filhos comem carne?
Comem sim, frango, fígado e carne. Luciano também, só eu que sou a esquisita daqui de casa que não come carne (risos). Eles gostam muito de peixe também, de vez em quando comem carne de soja, de tudo um pouco, sabe? Eu é que mudei e não me faz falta a carne. A alimentação deles é bem saudável, sou uma mãe chata com essas coisas de horários, organização e alimentação. Acho importante essas diretrizes para a criança. Mas, óbvio, eles comem chocolate, doce, o que eles querem.


Mas, essas coisas têm na sua geladeira?
Tem sim, também não sou tão radical. Até porque, criança tem que aproveitar, depois tema vida para fazer dieta. É claro, aí entra o trabalho da mãe, de moderar. Isso é gostoso, eu sempre gostei de cuidar. Fui muito cuidada sempre e acho que por isso me encontrei com a maternidade. Tenho prazer nisso.


Você já sabia que seria uma excelente mãe?
Nunca pensei nisso. Eu sempre quis ser mãe, ter filho e viver essa coisa de cuidar da criança. Eu sempre tive muita proximidade com o mundo infantil até por conta do meu trabalho. Aos 12 anos eu já apresentava um programa para criança. Levei tempo para me desfazer das bonecas que ficavam no meu quarto. Esse universo ficou muito forte na minha vida por muitos anos. Eu sempre fui meio mimada, rodeada de gente cuidando de mim, me arrumando, me vestindo… Hoje eu me vejo fazendo pelos meus filhos.


Para uma pessoa que sempre foi ícone de beleza como é envelhecer?
Eu espero lidar com isso sempre bem. Temos alguns exemplos de pessoas que não lidam bem e sofrem com isso. Acho que não precisa ser um processo sofrido, você vai substituindo os prazeres e aprendendo coisas. Eu digo sempre, e é verdade, não troco meus 40 anos pelos 20. Eu era muito mais insegura e cheia de questões, e nesses 20 anos eu consegui resolver. Envelhecer assim é bom. Lógico, tem a questão da beleza, do corpo, do cabelo, da pele, que a tecnologia está aí para ajudar. Nunca fiz cirurgia plástica, mas não condeno e acho que um dia vou fazer. A medicina evoluiu, graças a Deus! Faço todas as coisas preventivas justamente para ir adiando esse momento.


Você usa botox?
Uso há um tempo, nem lembro quanto. Uso mais na testa. E vou te falar uma coisa sobre botox, ás vezes, vejo em entrevistas as pessoas falando mal. Muitas nem sabem direito o que é botox e dizem que nunca farão. Gente, botox é uma forma de prevenir. E não é algo tão invasivo. Acho que existe um preconceito, tipo bullying (risos).


Você alguma vez sofreu preconceito por causa disso?
Não, porque as pessoas acham que eu não faço. Mas, agora, eles vão saber né (risos)?


Devido aos meus muitos anos de carreira pude acompanhar a história de vários artistas e você foi um deles. Acredito que você soube aproveitar bem sua juventude, como ela deve ser vivida. Você viajou com namorado sem seus pais saberem…Está me entendo?
Sim, sim. Eu dei uma pirada em algum momento, né?


Exatamente. Você pirou naquele momento, né?
Eu acho que na verdade, a minha adolescência foi tardia, digamos assim. Eu estava trabalhando muito. Quando a gente dá uma pirada na adolescência muitas questões surgem e eu não tive muito tempo para isso. Eu tive questões e eu estava em outra onda. Em determinado momento eu quis me descobrir, saber de fato quem era aquela pessoa. Isso eu já tinha vinte e pouco anos. Fui fazer análise e ali eu vi um pouco mais de mim melhor. Acho que tive uma adolescência tardia, viajei, namorei, tudo de uma forma muito responsável. Era mais velha e não foi nada inconsequente de adolescência. Foi bom, excelente, um aprendizado incrível que me fez entender o que eu queria que era ter a minha família, casar, ter filhos… Acho que eu tive sensibilidade, inteligência e maturidade para viver esse momento.


Mas, você há de concordar que uma viagem sua com namorado sem autorização dos seus pais, o que é mais que normal, no seu caso vira capa de revista.
Entendi. Isso na época me deixava bem chateada, principalmente porque meus pais, com aquela coisa de cuidar não percebiam a maldade dos outros e falavam tudo. Eles se abriam e isso virava capa de revista. As coisas passam, hoje eu falo com você sobre isso rindo. É coisa dos 40 anos, a gente vai fazendo história e esse episódio faz parte da minha história. Sou bem intensa, uma sagitariana que gosta de viver as fases e nesse caso vive mais tarde. E foi ótimo. Hoje estou vivendo intensamente a maternidade, o casamento e descobri uma coisa que eu não conhecia que é ter tempo. Isso é a maior riqueza. É rico quem tem tempo, e hoje me sinto milionária. Tenho tempo de estar com o meu filho, estou trabalhando, mas meu trabalho me proporciona tempo livre para viver coisas que eu não tinha. Não tinha fim de semana, Natal e ano novo.


Qual dos seus três filhos tem mais de você?
O Joaquim. Ele é bem parecido comigo na coisa da sensibilidade, ele é apaixonado pelas coisas, e também fisicamente, com aquele olhinho mais caidinho. Nos damos muito bem, sinto que vamos ser parceiros de vida.


Luciano (Huck) ronca?
(Risos). Jura que eu tenho que contar isso? Ai meu deus do Céu!! Ele vai ficar bem bravo comigo se eu contar que ele ronca. Posso falar? Ele já roncou, hoje está bem melhor (Risos). O bichinho trabalha demais.


Você tem alguma mania?
Hum, eu tenho mania sim, deixa eu pensar aqui. Tenho mania de organizar, há um tempo atrás baixou em mim uma coisa de dona de casa organizadora e aí eu estou nessa. Saio catando as coisas, brigo quando vejo fora do lugar, e engraçado que isso nunca foi assim. E é uma mania chata, sou até meio bagunceira normalmente. Tenho mania de falar demais também, a verdade é essa. Dou palpite na vida das pessoas, tipo psicanalista, sabe? Acho que a rotina do ‘Estrelas’ e a coisa de entrevista traz isso. Senão fosse a edição não seria como seria, ficaria enorme.


Mas, artista geralmente só fala de si. Você é boa ouvinte, isso é ótimo.
Eu adoro ouvir histórias. Eu me conheço e aprendo com as histórias. Acho que eu seria boa psicanalista. 


Você lê coluna de celebridades?
Leio, claro. Todos os dias não por conta de tempo para as crianças, correria com as gravações, mas eu leio sim. Leio a sua, O Globo, A Folha…A sua coluna eu leio todo dia e me divirto. Esse universo artístico que a gente vive é engraçado, vai? As pessoas são muito doidas. De perto ninguém é normal, graças a Deus. Eu prezo sempre pela minha sanidade mental, mas quero uma vida gaiata, de uma forma feliz. Não quero ficar presa a nada, senão a gente vira prisioneiro de coisas que inventaram para a gente do que é certo e errado.



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