Fato é que o tempo da dramaturgia e o da vida real são diferentes. Exatamente por isso houve quem estranhasse tamanha demora para que a polícia surgisse na cena do crime. Vamos combinar que mesmo para os padrões atuais foi estranho, com o corpo passando a madrugada ao relento, sem ser periciado ou sem algum agente dar início às investigações. Da mesma maneira, Ângela (Patricia Pillar), pouco depois de sofrer um atentado, no mesmo capítulo, já estava de roupa trocada, lendo, tranquila em sua cadeira, exibindo sangue frio e deixando muita gente com a pulga atrás da orelha. Afinal, por que "O Rebu" segue incomodando?
A resposta pode ser bem óbvia. Concebida para ir ao ar em 37 capítulos, a novela das 23h funcionaria melhor num formato ainda mais curto. Fosse contada em menos episódios, concentrando-se em menos personagens, o quebra-cabeça seria mais fácil de entender. "Amores Roubados", por exemplo, usou de expediente parecido e deu certo. "O Rebu" não precisava durar dois meses para desvendar um assassinato e encher a tela de pistas falsas com figuras de pouca importância. Em alguns casos, os flashbacks são meras distrações, absolutamente desnecessários. E não adianta dizer que este folhetim é "para poucos" ou que só os "iniciados" entenderão. Trata-se de um veículo de massa, feito para grande público. Por princípio, nada tem de excludente - exceto em caso de classificação indicativa, claro.
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