quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Sem empolgar o grande público, "O Rebu" deveria ir ao ar como microssérie

Tão logo estreou, "O Rebu" chamou atenção pela narrativa ousada e, claro, pela possibilidade de confundir o público com sua fragmentação da história, alternando entre presente e passado. Há que se dizer que, mesmo tendo sido usado nos anos 70, na versão original da novela, o recurso segue desafiando espectadores. Mesmo os mais atentos se questionam vez ou outra. A questão temporal é controversa: para uns, a lentidão da trama é um problema. Para outros, ajuda a construir o suspense em torno da identidade do assassino de Bruno Ferraz (Daniel Oliveira).
Fato é que o tempo da dramaturgia e o da vida real são diferentes. Exatamente por isso houve quem estranhasse tamanha demora para que a polícia surgisse na cena do crime. Vamos combinar que mesmo para os padrões atuais foi estranho, com o corpo passando a madrugada ao relento, sem ser periciado ou sem algum agente dar início às investigações. Da mesma maneira, Ângela (Patricia Pillar), pouco depois de sofrer um atentado, no mesmo capítulo, já estava de roupa trocada, lendo, tranquila em sua cadeira, exibindo sangue frio e deixando muita gente com a pulga atrás da orelha. Afinal, por que "O Rebu" segue incomodando?
A resposta pode ser bem óbvia. Concebida para ir ao ar em 37 capítulos, a novela das 23h funcionaria melhor num formato ainda mais curto. Fosse contada em menos episódios, concentrando-se em menos personagens, o quebra-cabeça seria mais fácil de entender. "Amores Roubados", por exemplo, usou de expediente parecido e deu certo. "O Rebu" não precisava durar dois meses para desvendar um assassinato e encher a tela de pistas falsas com figuras de pouca importância. Em alguns casos, os flashbacks são meras distrações, absolutamente desnecessários. E não adianta dizer que este folhetim é "para poucos" ou que só os "iniciados" entenderão. Trata-se de um veículo de massa, feito para grande público. Por princípio, nada tem de excludente - exceto em caso de classificação indicativa, claro.


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