segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Autor de "Amor à Vida" atira para todos os lados e erra na trama

http://noticiasdatv.uol.com.br/application/public/img/noticias/625_315_1386018495Amor_a_vida_trata_evangelicos_como_imbecis.jpeg
Walcyr Carrasco, notável autor de telenovelas e com algumas incursões na literatura, deve ter batido com a cabeça em algum lugar. Ocupa nesse momento o espaço mais nobre (e mais caro) da televisão brasileira: a novela das nove na TV Globo, esse fenômeno capaz de parar o país quando a trama é boa. Mas o trabalho atual do escritor, curiosamente chamado de "Amor à Vida", se transformou numa confusão que será lembrada pelos tempos afora.
Carrasco, talvez pela força do sobrenome, resolveu bater em tudo e em todos - e ao mesmo tempo. Fez da novela um saco de gatos, onde todos são, no mínimo, rematados canalhas. A única personagem que prestava tinha câncer e morreu. E morreu no altar, vestida de noiva, para voltar como uma assombração.
E o protagonista, rapaz bonzinho do subúrbio, que era um modesto corretor de imóveis, acaba tentado pela mulher do sogro e ainda vira empresário. E essa mulher do sogro, de uma beleza extraordinária, foi alçada à condição de vilã-mor da narrativa de Walcyr. Apesar da aparência impressionante, a personagem fica devendo na interpretação, até porque não tem a menor sutileza. É má mesmo, basta olhar para ela. E isso não é uma opção da atriz: está escrito.
O autor decidiu erguer aos olhos do espectador, de uma só vez, todos os problemas do mundo. Temos filhos que não sabem quem são os pais (coisa frequente no gênero). Temos a suposta falta de vergonha habitual nas elites, repetindo a máxima de Honoré de Balzac (“Por trás de toda fortuna há sempre um crime”, escrita em 1901). E a questão da adoção de crianças por casal homoafetivo. E advogados ardilosos. E a mulher mais velha se relacionando com o jovem (isso é tão velho!). E amor e sexo na terceira idade. E o gay casado que é empurrado para fora do armário pela própria mulher, garota de programa aposentada, cujo filho, aliás, não é dele, mas do próprio pai. E a garota boazinha do subúrbio se apaixona pela primeira vez, justamente por um homem mais velho, que (acreditem!) foi amante da própria mãe. E a garota vira evangélica, concordando com a tendência ecumênica da TV Globo. Mas os evangélicos do Walcyr usam camisas abotoadas até o colarinho e parecem imbecis. E até o conflito entre palestinos e israelenses está presente na novela.
Nem o genial Nelson Rodrigues, nas suas espetaculares crônicas (“A Vida Como Ela É...", por exemplo), jamais ousou colocar tantos dilemas numa única história. Por quê? Porque o público procura algumas identificações básicas com os personagens. Talvez duas ou três dessas identificações. Mas não dezenas delas.

http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/adriane-galisteu-e-vetada-no-programa-de-ana-hickmann-973
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