terça-feira, 18 de outubro de 2016

"Na Record, as pessoas pensam que a gente morreu", diz atriz demitida

Demitida pela Rede Record aos 79 anos de idade, em 2014, a atriz Íris Bruzzi (foto) não esconde o desprezo e a mágoa que sente pela ex-empregadora. Faz questão de reforçar a piada segundo a qual os atores morrem quando saem da TV Globo e vão trabalhar na rede de Edir Macedo. Diz que isso não é tão piada assim.
"Eu fiz coisas lindas [na Record]. Se fosse na Globo, eu teria ganhado prêmios. Eu fui a uma festa e de repente me apareceu uma senhorinha fofa, que disse: 'Você está linda, eu pensei que você estava morta'. Na Record, a gente desponta para o anonimato. As pessoas pensam que a gente morreu, mas eu estou vivíssima. Fico muito triste com isso", contou Íris à atriz Antonia Fontenelle, também ex-Record, em entrevista publicada no canal de YouTube "Na Lata".
Íris faz parte do time de atores que estão processando a Record, exigindo direitos trabalhistas. Ela espera receber indenização de cerca de R$ 1,5 milhão da emissora, onde atuou em seis novelas - que "ninguém assistia"_ durante oito anos.
A atriz, hoje com 81 anos, não esperava ser demitida, muito menos da forma como ocorreu. Ela foi dispensa por telefone pelo diretor de elenco da emissora, Fernando Rancoleta.
"Na Record, você é despedido pelo mês. [Por exemplo] Todos os contratos que acabam em agosto [os diretores] não renovam mais, [os funcionários] estão despedidos. Dois dias antes de terminar o meu contrato, tocou o telefone e era ele [Rancoleta] me convidando para um café. 'Nós vamos mandar um carro especial te buscar, porque a gente queria te contar que você não pertence mais à TV', ele disse. Eu falei: 'Rancoleta, você não está entendendo. Eu só tomo café com pessoas que são amigas minhas. Vocês são meus inimigos agora'", afirmou.
Na época, Íris se sentiu desesperada, conforme contou em entrevista ao Notícias da TV: "Tinha minha vida, minhas contas para pagar. Tive que entregar meu apartamento, vender minhas coisas e vir morar com meu filho nos Estados Unidos. Eu chorava, me senti muito humilhada".
A atriz processa a Record sob o argumento de que foi obrigada a abrir uma empresa para ser contratada e burlar a lei trabalhista. Pede para ser reconhecida como funcionária e receber direitos trabalhistas como 13º salário e férias.
Íris venceu o processo em primeira instância, mas a Record entrou com recurso. Segundo o advogado da atriz, Artur Elias Guimarães, uma nova audiência deveria ter acontecido no dia 30 de setembro, mas a juíza sofreu um acidente, e o julgamento foi adiado. A decisão foi remarcada para próximo dia 25, e a Record ainda poderá recorrer novamente do resultado.
"Eu tenho prioridade por causa da idade, [o julgamento] não pode demorar muito porque posso morrer. Então tem que me passar na frente. Talvez na próxima entrevista eu já esteja uma mulher rica", ela disse a Antonia Fontenelle, esperançosa.
Procurada, a Record informou que não se manifestará sobre o assunto.
Além de Íris, estão processando a Record por direitos trabalhistas os atores Leonardo Brício, Paloma Duarte, Bruno Ferrari, André Segatti e Raquel Nunes. Cecil Thiré, que é testemunha da ação movida por Íris, também processou a emissora e já ganhou a causa, em segunda instância.







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