terça-feira, 25 de outubro de 2016

Apagão analógico pode deixar 300 mil sem TV e racha as redes Globo e Record

Pela primeira vez, as redes Globo e Record racharam em uma decisão envolvendo TV digital. Em reunião realizada na manhã desta terça-feira (25) em Brasília, as duas principais redes do país divergiram sobre o apagão analógico previsto para ocorrer amanhã no Distrito Federal e em algumas cidades de Goiás. As previsões são que o apagão, caso ocorra, deixará de 300 mil a 500 mil pessoas sem TV aberta.
A Globo, o SBT e a Abert (Associação Nacional das Emissoras de Rádio e Televisão) defendem que o desligamento do sinal analógico seja adiado pelo menos em dez dias. Já a Record e Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão) mudaram de posicionamento e passaram a defender o apagão analógico já, assim como as companhias telefônicas.
Os dois grupos baseiam seus posicionamentos em uma pesquisa do Ibope realizada entre os dias 10 e 21 de outubro. Pelos critérios do Gired (Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV), que congrega todas as emissoras, associações, governo e teles, o Distrito Federal e seu entorno já têm 90% dos domicílios aptos a receberem televisão digital.
A normatização da TV digital diz que o apagão analógico (quando os sinais analógicos são desligados) só deve ocorrer quando houver 93% de digitalização. Esse índice de 90% está dentro da margem de erro, portanto, já subsidia uma decisão pelo desligamento. Esses números significam que entre 300 mil e 350 mil pessoas ficarão sem TV.
O Gired considera como digital todo televisor de tela fina. Já os radiodifusores (Globo, SBT e Abert) defendem que nem todo televisor de tela fina é digital, ou seja, não possuem conversor integrado ou acoplado. Por esse critério, a mesma pesquisa do Ibope informa que há 85% de digitalização em Brasília e arredores. Isso quer dizer que 150 mil casas, ou meio milhão de pessoas, ficarão sem TV aberta a partir de amanhã. Além disso, o índice de 85% está longe dos 93% recomendados.
Globo e Abert são contra o desligamento amanhã porque entendem que muita gente ficará sem TV, e pressionam o ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) a adiar o desligamento.
Record e telefônicas afirmam que a TV digital não pode mais esperar, e que o adiamento irá comprometer a credibilidade do processo de migração, que no ano que vem deve chegar a São Paulo, o maior mercado do país. A TV digital foi lançada no Brasil em 2007 e já deveria estar quase toda implantada.
Para adiar o apagão no Distrito Federal, é necessária uma portaria do ministro Gilberto Kassab.
As companhias telefônicas têm interesse no desligamento analógico porque usarão as frequências a serem desocupadas pelas emissoras de TV para ampliar a rede de banda larga móvel (4G).







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