No capítulo de anteontem de “Velho Chico”, Maria Tereza (Camila
Pitanga na foto acima) foi checar a plantação de mangas. É que a personagem atua como
exportadora da produção da fazenda do Coronel (Antonio Fagundes). Ao
tocar nas frutas, teve um choque: elas estavam encharcadas de
pesticidas. Furiosa com a constatação, foi imediatamente enfrentar o
pai. Numa discussão áspera, ameaçou interromper a distribuição do
produto, importante fonte de renda do negócio familiar. Como se sabe, o
uso abusivo de agrotóxicos anda no centro de muitas discussões
acaloradas. Elas envolvem desde questões de saúde a abusos na
tributação. Isso não ocorre só no Brasil, mas a situação aqui é bem
séria. Maria Tereza está do lado dos que rejeitam o uso do veneno. Já o
Coronel só pensa no lucro. “Velho Chico”, portanto, tem um pé fincado
com força no realismo. Pelo menos é o que indica a dramaturgia. A
mensagem visual, entretanto, é outra.
Em sua incursão na lavoura, a personagem usava um vestido longo e vaporoso. Ele realçava a imensa beleza da atriz, mas brigava mais com o ambiente do que Maria Tereza e o Coronel. Logo depois, no mesmo capítulo, Santo (Domingos Montagner) apareceu num vinhedo. Ele estava de bombachas e colete, lembrava um imigrante italiano do século XX. São só dois exemplos de um figurino que vem chamando a atenção tanto pela qualidade do trabalho, quanto pela sua dessintonia com o enredo. Em “Velho Chico”, parece haver uma certa indecisão entre a fábula e o realismo. Em outras palavras: em que planeta se passa a novela, nas margens do Rio São Francisco ou numa Macondo imaginada?
Essa indefinição se agravou com a estreia da segunda fase. A passagem de tempo serviu à dramaturgia. Personagens envelheceram, alguns romances foram desfeitos, outros, estabelecidos. Por trás disso tudo, a terrível ordem social se manteve intocada. É um contraste forte e que faz todo sentido. Mas tudo isso está sendo atrapalhado pelos carros dos anos 1960, pelos chapéus, por vestidos longos e mantos bordados. Alguma coisa parece fora da ordem mundial na novela.
Em sua incursão na lavoura, a personagem usava um vestido longo e vaporoso. Ele realçava a imensa beleza da atriz, mas brigava mais com o ambiente do que Maria Tereza e o Coronel. Logo depois, no mesmo capítulo, Santo (Domingos Montagner) apareceu num vinhedo. Ele estava de bombachas e colete, lembrava um imigrante italiano do século XX. São só dois exemplos de um figurino que vem chamando a atenção tanto pela qualidade do trabalho, quanto pela sua dessintonia com o enredo. Em “Velho Chico”, parece haver uma certa indecisão entre a fábula e o realismo. Em outras palavras: em que planeta se passa a novela, nas margens do Rio São Francisco ou numa Macondo imaginada?
Essa indefinição se agravou com a estreia da segunda fase. A passagem de tempo serviu à dramaturgia. Personagens envelheceram, alguns romances foram desfeitos, outros, estabelecidos. Por trás disso tudo, a terrível ordem social se manteve intocada. É um contraste forte e que faz todo sentido. Mas tudo isso está sendo atrapalhado pelos carros dos anos 1960, pelos chapéus, por vestidos longos e mantos bordados. Alguma coisa parece fora da ordem mundial na novela.
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