"Preferia não ter ido para a Record, meio que queimou o meu filme", diz o apresentador em entrevista ao Notícias da TV. "Foi um erro trabalhar na Record, porque não é um lugar onde eu deveria estar. Tentei pelo fato de o Marcos Mion ter tido uma ideia de fazer um programa bem maluco ["Legendários"]. Ele chamou meio mundo e eu fui por grana mesmo. Me ofereceram três vezes a mais do que eu ganhava na MTV e eu aceitei", admite.
Gordo participou do "Legendários" entre 2010 e 2012, mas deixou o programa por ser subaproveitado e por detestar seu trabalho. "Tentamos fazer um programa muito doido, mas a Record não é lugar para isso. O público dela está interessado em ver bunda, sertanejo, funk. Aí chegou um diretor lá que era especialista em deixar os programas ultra populares, do jeito que o povão gosta, com pagode, bunda, balé e joguinhos picantes. Aí fodeu. Eu ia trabalhar contra a minha vontade", confessa.
No ano seguinte, a Record lançou "Ídolo Kids", e João Gordo foi escalado para ser um dos jurados do programa, outro papel que ele detestou desempenhar. "A minha ideia era ser jurado malvado, o Satanás, mas virei o Tio Gordão, roqueiro e bonzinho. Foi uma tortura ver aquelas crianças cantando um monte de música horrível e com voz de cabrito", diz.
Prosa cultural
A nova empreitada de João Gordo na TV se chamará "Eletro Gordo", programa de entrevistas que ocupará a faixa noturna do Canal Brasil, ambientado em uma oficina de consertos de equipamentos eletrodomésticos (vem daí o "eletro" do título).
A ideia, concebida pelo diretor André Barcinski, é que João Gordo seja o responsável pelo conserto dos equipamentos. E o cliente que surgir em sua oficina será, automaticamente, entrevistado pelo técnico. "Não manjo nada de consertos de eletrodomésticos (risos). Na TV tudo é mentira", brinca.
Enquanto fingir consertar o aparelho, ele engatará uma conversa sobre cultura pop antiga com seu "cliente". Em sua lista de famosos que pretende entrevistar estão Sidney Magal e Vanusa. "Sou um nerd antigo, dos tempos das enciclopédias. Acho que essa galera tem muito a dizer", comenta.
Fase zen
João Gordo nunca teve papas na língua e sempre disse, a quem quisesse ouvir, sobre algumas das loucuras que cometia. Falar sobre as noitadas regadas a bebidas e ao uso de drogas nunca foi um tabu. Hoje, ele diz que isso não faz mais parte de sua vida. Vegetariano há 13 anos e vegano recém-iniciado, ele virou militante da causa e hoje é referência aos praticantes desses movimentos. Vegana é a dieta que proíbe qualquer derivado de animais, como leite, mel e ovos.
"Eu tinha acabado de operar o estômago e a carne tinha virado indigesta para mim. Comecei a ler sobre o consumo animal, industrial, crueldade animal e pirei. Essa é uma das únicas convicções da minha vida, não consumir mais carne. E depois de 13 anos eu entrei numa de virar vegano, mas ainda não consegui. Tenho um monte de tênis de couro, não vou jogá-los fora, mas o próximo tênis que eu comprar não será de couro. É uma parada de consciência, saca?", encerra.
Alguns problemas na saúde o fizeram mudar de vida. Teve um derrame pleural em 2000 e uma disritmia cardíaca em 2003, que o fizeram passar uns dias na UTI. Em 2016, decidiu pegar leve com a banda Ratos de Porão, banda de hardcore da qual é vocalista há 33 anos, e deu uma pausa nos shows.
"Estou dando um tempo com o Ratos [de Porão], porque no ano passado foi bem intenso e isso me sugou a saúde. Fiz só três shows neste ano. Agora estou fazendo uma lanternagem no corpo, fazendo uns 'baguio' médico aí. Não estou bebendo e nem fumando. Em junho tem turnê europeia e também vamos para a Argentina, e então eu tenho que cuidar da minha saúde", explica.
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