Foi tudo lindo na estreia de “Velho Chico“, a novela da Rede Globo, nessa segunda (14/03). Luiz Fernando Carvalho
na veia. Se não soubesse que era dele a direção artística, acertaria de
pronto. As tomadas, a edição (que não necessariamente acompanha os
diálogos), a beleza plástica, a luz, a interpretação visceral dos
atores, a trilha. Tudo lembra a obra do diretor, de “Capitu'' a “Afinal o que Querem as Mulheres?“.
O primeiro capítulo apresentou uma opereta carregada na dramaticidade.
Uma dramaticidade pesada, forte. Às vezes sutil, quando interessou ao
roteiro.
Difícil creditar a novela apenas a Benedito Ruy Barbosa (o criador da história) ou a Edmara e Bruno (filha e neto dele, os roteiristas). “Velho Chico''
é a prova de que ali houve um grande esforço coletivo, cujo maestro
principal é o diretor. O que só funciona quando o diretor traduz em
imagens o roteiro do autor de forma única e original. E tem a total
liberdade para isso.
Não, o capítulo não foi lento, como apregoam os avessos à obra de Benedito Ruy Barbosa.
Em meio à contemplação estética-musical houve ação, tensão e emoção.
Ficamos sabendo que o Coronel e o Capitão se odeiam e têm interesses
díspares. Que um filho do coronel morreu nas águas do São Francisco. Que
o outro filho esbanja dinheiro na capital com a namorada-amante. Que a
família de retirantes precisa fugir da seca para não morrer. E que, por
fim, o coronel morreu e o amor do filho está ameaçado por essa morte.
Bastante prum primeiro capítulo.
O
diferencial está na realização. Tudo degustado ao sabor do visual
deslumbrante da fotografia e da trilha sonora que trabalham eficazmente a
favor do melodrama. Impressiona também a atuação do elenco, em
caracterizações carregadas: Tarcísio Meira e Selma Egrei, Carol Castro e Rodrigo Santoro, Rodrigo Lombardi e Fabíula Nascimento, Chico Diaz e Cyria Coentro (que sequências lindas na seca, remeteu ao especial “Morte e Vida Severina“, de 1982).
Tudo
muito bonito, de encher os olhos. Resta saber se a história da novela
despertará no público as paixões, que a produção se propõe, pelos
próximos seis meses. Pirotecnia visual também cansa quando muito
carregada. Essa beleza toda, por si só, não sustenta uma novela por
tanto tempo. A história (da novela) nos revelará.
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