Na História da telenovela brasileira, há um caso famoso envolvendo “Anastácia, a Mulher sem Destino”. O enredo era escrito por Emiliano Queiroz para a TV Globo em 1967 e amargava baixos índices de audiência. Janete Clair foi convocada para salvar a pátria. Ela inventou um terremoto, matou o elenco quase todo e fez a trama avançar 20 anos. O truque deu certo. Já “Além do Tempo” é vitoriosa no ibope, o que torna a jogada de Elizabeth ainda mais corajosa. Para operar essa transferência de cronologias, a autora criou uma cena em que Lívia e Felipe (Alinne Moraes e Rafael Cardoso na foto acima) se afogarão juntos. Eles aparecerão submersos e emergirão em outras vidas. Na nova fase, o que foi construído desde a estreia não será descartado, pelo contrário. Os personagens ressurgirão com os mesmos nomes, prontos para uma outra jornada espiritual, com a porta aberta para eventuais redenções. Crenças religiosas à parte, esta será, de qualquer forma, uma aventura desconhecida, um placar zerado.
A dupla composta por Irene Ravache e Ana Beatriz Nogueira voltará. Vitória e Emília serão mãe e filha, mas nem por isso sua relação estará pacificada. Vitória terá abandonado Emília quando ela tinha 7 anos para ir atrás de uma paixão. Agora, elas se reencontrarão. É uma segunda chance para elas e para todos os demais. São duas novelas em uma, papéis duplicados para o elenco todo. É interessante. Até aqui um trama com estrutura clássica — vilãs carregadas e mocinha batalhadora etc —, “Além do Tempo” dará um salto ousado de roteiro. A julgar pela habilidade mostrada pela autora até aqui, tem tudo para dar certo. É caso de acompanhar.
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