Como surgiu "A Fazenda" em sua vida?
Estava de férias em Miami quando recebi o primeiro telefonema de um diretor da Record sondando a possibilidade. Meu nome tinha surgido em uma reunião da emissora como uma das opções. Se eu topasse, eles levariam adiante. É um dos principais programas da emissora. Como apresentador é um desafio incrível que vou adorar, óbvio. Estou fazendo programa aos domingos e seria muito bacana entrar na briga da audiência em horário nobre. A primeira reação foi positiva e depois recebi um telefonema oficial do Marcelo Silva dizendo que gostava do meu trabalho. Ele me convidou oficialmente e disse que a emissora queria dar uma renovada. É um confinamento, como eu fiz em "O Aprendiz Celebridades", com pessoas conhecidas. Com uma diferença muito grande: também tem provas, mas o apresentador não decide nada. Só tem que mediar as discussões e apresentar para o público, que é quem decide. Mas não deixa de ser um laboratório de pessoas superinteressante de ser avaliado.
Há uma dedicação muito maior, de tempo mesmo?
Sem dúvida. "O Aprendiz" era ao vivo mesmo só no final. Na "Fazenda" são três edições ao vivo por semana, fora as cabeças. É em Itu. Tenho uma pequena vantagem que minha fazenda é lá perto, que só ia dois finais de semana por mês, mas agora acho que vou mais. Como estarei mais perto, é possível que eu durma lá. Mas tem que lembrar que também tenho que tocar minhas empresas, que deixo na mão dos presidentes, mas é uma dedicação grande, uma coisa complexa que exige muita atenção e dedicação.
Qual foi a intenção da Record em te chamar?
A gente sabe que meu público é mais A, B e o da fazenda mais C, D.
Seria pegar um novo público com um novo target?
Um pouquinho de tudo. O que é importante deixar claro é que em nenhum momento a Record exigiu ou pediu ajuda na parte comercial. Nada. A emissora me chamou como apresentador, para que eu mostre um lado descontraído e casual que as pessoas não conhecem. Fiquei dois anos fazendo programa popular, o "Topa ou Não Topa?" (SBT). Quer mais classe C e D do que isso? E foi muito legal a experiência. Não tem essa de dizer que o apresentador é mais pra essa ou aquela classe. Pedro Bial, um super jornalista, cara de bom nível, espetacular. Britto Jr. também é muito bacana. E os dois comandaram um programa popular sem problema nenhum. Não posso ficar carimbado como o cara que só fala com classe A e B, não tem cabimento. Dá para comandar um programa desse, na boa, e espero descontrair a ponto de agradar a todos os públicos. A intenção foi dar um frescor, uma nova pegada para o programa. Vão inventando coisas, a cada ano traz novidades e uma delas é o apresentador novo, com outra pegada, diferente do Britto, que ficou por sete edições no comando. Não sou melhor nem pior, apenas diferente. As pessoas estão curiosas e a ideia é sempre melhorar. Estou estudando bastante. Tenho 11 anos de TV e experiência para encarar esse desafio. A emissora quis fazer uma coisa nova, inédita, diferente… Essa foi a intenção.
Quando você está na fazenda usa bota? chapéu?
Ainda nem falamos de figurino. Ainda não tive uma reunião, cheguei essa semana dos Estados Unidos. Claro que, quando eu vou para minha fazenda, eu não vou de terno e gravata. Ando de short, claro, que é mais despojado, tranquilo e casual. Mas no meu estilo. Não vou mudar totalmente o estilo de me vestir porque as pessoas estão acostumadas a me ver mais casual. Em 80% do meu lazer estou casual. Não tem exigência de colocar chapéu de caubói.
Irrita quando a imprensa associa sua presença na "Fazenda" com a chamada para o mercado publicitário?
Isso me incomoda porque a emissora não exigiu em nenhum momento. Eu te falaria. Obviamente que, quando estou em um programa, eu ajudo. Se é bom e vai fazer bem para os meus clientes, trazer um bom retorno de audiência, uma boa penetração, claro que vou ajudar a vender. Todo apresentador ajuda, tem um mix. Eu construí uma imagem durante 35 anos no mercado. Vem comigo, é um bônus, mas em nenhum momento a área comercial da Record falou pra eu vender cotas. Eu ajudo, mas nunca misturei publicidade com apresentador. Globo, SBT, Band, todos têm as cotas de investimento. Dentro do dinheiro que a Record tem dos meus anunciantes, se eu puder oferecer os meus produtos, é muito bom, não tem problema nenhum. Se eu puder ajudar e tornar mais atrativo, vou ajudar. Não houve nenhum momento da Record dizer, eu me sentiria muito mal como apresentador se eu tivesse lá pela minha capacidade ou não de atrair anunciantes. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Qual seu relacionamento com o Britto Jr.. Houve algum trauma com essa saída dele?
Zero. Adoro o Britto. Acho ele um querido. Deturparam uma frase minha, bom você me dar essa chance. Eu falei assim: “Considero o Britto um grande apresentador, estou aprendendo bastante com ele. Estou assistindo ao programa, para ver. A única coisa que eu falei é que eu sou um pouco mais emoção e o Britto é um jornalista mais frio, ponderado e eu sou um pouco mais emocional.” Com toda a franqueza do mundo, adoro o Britto, admiro, mas ele tem um estilo diferente do meu. Não estou dizendo que é pior ou melhor. Vim fazer uma coisa diferente.
Tudo na vida são ciclos, certo?
Ele cumpriu um ciclo maravilhoso. Foi muito bom.
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