quinta-feira, 4 de junho de 2015

No "Hora 1", Dilma faz "regimão", e jornal "engorda" manhã da Rede Globo

Quando a Rede Globo anunciou no final do ano passado que estrearia um novo telejornal, às 5h, logo se especulou: será um jornal de notícia requentada, de reprise de reportagens mostradas no "Jornal Nacional" e no "Jornal da Globo", para enganar telespectador que dorme muito cedo e madruga para trabalhar. Passados seis meses, o telejornal apresentado por Monalisa Perrone (foto) deu um cala-boca nos céticos: o "Hora 1" tem personalidade e conteúdo relevante e ainda alavanca a audiência da programação jornalística matinal da Globo.
Embora reprise reportagens dos telejornais que o precedem, o "Hora 1" em nada se parece com o "Jornal da Globo" ou com o "Bom Dia Brasil". Seus pontos fortes são a informalidade e um noticiário enxuto para quem está saindo de casa para trabalhar. O telejornal mostra o trânsito nas principais cidades brasileiras - às 5h da manhã, isso já é motivo de preocupação em São Paulo e Rio de Janeiro. Conversa com alguns de seus correspondentes (Márcio Gomes, de Tóquio, e Rodrigo Alvarez, em Jerusalém, são os mais assíduos), traz a opinião de comentaristas de política e economia, trata da agenda do dia e fala de tempo e temperatura em duas ocasiões.
Monalisa Perrone foi uma escolha acertadíssima. Repórter experiente, ela domina diferentes assuntos, é informal sem afrontar o padrão Globo e esbanja um bom humor que funciona como um "bom dia". Na edição da última terça (2), ao comentar as capas dos principais jornais impressos do Brasil, a apresentadora falou como se fosse uma pessoa comum na frente de uma banca. Disse que a presidente Dilma Rousseff, flagrada pedalando em Brasília, fez um "regimão pesado" e ficou "magrinha". "Tá estilosa [a presidente], não tá?", arrematou.
A informalidade regrada do "Hora 1" influenciou o principal telejornal da Globo. Foi ao lado de Monalisa, como se estivesse tricotando com uma comadre, que a repórter Maria Júlia Coutinho surgiu como Maju e se projetou para virar a moça do tempo do "Jornal Nacional", onde vem chamando a atenção pelo arrojo.
No Ibope, que é o que mais importa para a Globo, o "Hora 1" dobrou a audiência do horário. Neste ano, sua média é de 3,6 pontos na Grande São Paulo. Com frequência, marca cinco pontos, um número respeitável para o fim da madrugada. O SBT, que antes liderava na faixa das 5h às 6h, ficou para trás.
Televisão é grade de programação, e um programa alavanca o outro. Com o "Hora 1", o "Bom Dia São Paulo" cresceu e, por sua vez, fortaleceu o "Bom Dia Brasil", que vem depois. Simultaneamente à estreia do "Hora 1", em dezembro, a Globo ampliou seus telejornais matinais locais, que passaram a começar meia hora mais cedo. Em São Paulo, o "Bom Dia Brasil" virou quase um jornal local. Foi outro acerto. A audiência dos telejornais matinais, que estava em queda, subiu.
Apresentado por Rodrigo Bocardi, um "xerife" da cidadania que não grita nem faz sensacionalismo, o "Bom Dia São Paulo" foi o que mais cresceu, de 5,9 de média em 2014 para 6,7 até o último dia 31. O "Bom Dia Brasil" se elevou de 7,4 para 7,6. Com o "Hora 1" e as reformas nos "Bom Dias", a Globo "engordou".
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