Silva e Carrasco são rivais declarados e trocam farpas desde 2011, quando o primeiro acusou o segundo de ter se apropriado de uma ideia dele, a da mãe batalhadora que é desprezada pelo filho, trama registrada em "Morde e Assopra" e em "Fina Estampa". No último sábado, em um texto em seu blog sobre o porquê de a maioria das novelas se ambientarem no Rio de Janeiro, Aguinaldo Silva reproduziu o comentário de um aluno de um curso que ele ministrou. O estudante se referiu a "Amor à Vida", que se passou em São Paulo, como "uma bosta".
"Que me perdoem os amigos cariocas, mas, sem querer ofender ninguém, 'num guento' mais ver novela se passando no Rio! "Insensato Coração", "Fina Estampa", "Avenida Brasil", "Salve Jorge", "Amor à Vida" (eu sei, essa se passou em São Paulo, mas isso não foi uma novela. Isso foi uma bosta!)", teria escrito o roteirista, identificado apenas como Antônio Carlos, conforme reproduziu o blog de Aguinaldo Silva.
Carrasco reclamou para a direção da Globo. Nesta semana, a emissora decidiu postergar a estreia de "Trem Bom", título da novela de Gyboski, colaborador de Aguinaldo Silva. A trama sobre o universo da música sertaneja, para a qual já foram cogitados Luan Santana e Michel Teló, ficou agora para o final de 2016. Virá apenas depois de "Velho Chico", projeto de Benedito Ruy Barbosa que substituirá "Candinho", que por sua vez entrará na vaga de "Além do Tempo", no ar a partir de julho próximo.
A justificativa para o adiamento de "Trem Bom" é que Aguinaldo Silva acabou de escrever "Império" e precisa de alguns meses de férias antes de se dedicar à supervisão de uma nova novela. Não daria tempo de Silva descansar e assumir o compromisso com uma produção que tem de começar nos primeiros meses do segundo semestre. Faz sentido, mas nos bastidores da Globo especula-se que Gyboski acabou pagando pelo ataque de Silva a Walcyr Carrasco.
A novela de Carrasco será inspirada em um dos contos mais famosos de Voltaire. Em "Cândido", o filósofo reage com ironia à teoria do melhor dos mundos possíveis de Gottfried Leibnitz (1646-1716). Cândido, o personagem de Voltaire, foi expulso do lugar onde morava, preso e torturado, perdeu a mulher e os amigos, foi vítima das maiores crueldades. Apesar dos percalços, encarava a vida com otimismo, meditando após cada tragédia sobre como explicar o melhor dos mundos possíveis. Tudo, obviamente, era puro deboche.
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