Quero começar essa entrevista lembrando o "Troféu Imprensa" do ano passado, quando você ganhou de Marília Gabriela. Silvio Santos nem sabia direito quem você era e falou que iria te contratar. Imaginou que seria sério?
Não, não (risos). Para mim, tudo não passava de uma brincadeira. Eu vi esse episódio e até passei esse trecho do Silvio no "Agora é Tarde" (Bandeirantes). Demos risada e fizemos piada depois que passou o vídeo. Até mandamos a Juliana (assistente de palco) levar o currículo no SBT, que era a hora boa (risos).
Quando você recebeu a primeira ligação da emissora?
A gente foi conversar logo depois que fiz uma participação no programa do Celso Portiolli. A audiência foi bem legal e me chamaram para uma reunião com a direção artística. Foi daí que começou.
Você já encontrou o Silvio Santos depois que foi contratado?
Ainda não. A minha vida mudou depois que eu entrei para o SBT, porque todo lugar que eu vou a pergunta número um das pessoas é se eu já encontrei com ele.
É sério que você não o conheceu até hoje?
Ele estava de férias, por isso a gente não se encontrou. A assinatura do contrato foi um dia antes do Natal.
O SBT é uma emissora que tem uma cara mais ‘soft’ do que a Band. Por causa disso você se tornou mais light?
Não. Se você vir os três primeiros programas, logo na abertura dá pra perceber que mantivemos a mesma coisa. O SBT é uma emissora muito feliz mesmo, a satisfação que a gente vê nos bastidores e a alegria das pessoas irem trabalhar reflete. Eles dão muita liberdade. O programa saiu do jeito que eu queria e imaginei. Foi 100% fiel. Piadas, cenário, quem eu quero entrevistar. Para mim, o segredo é a liberdade que eles dão, por isso todo mundo trabalha feliz.
Essa foi uma das condições para você sair da Band?
Sim, sim. Claro que tinha aquela coisa: "Eu vou, mas talvez vocês tenham interesse porque estou funcionando fazendo determinada coisa. Esse é o meu tom, não tem como mudar. Não sou ator, não sei interpretar outra coisa". Na hora eles toparam, acharam pé no chão e consistente.
Sua estreia com o "The Noite" foi em grande estilo, alavancando a audiência e trazendo o Fábio Porchat como primeiro convidado do programa. Como vocês conseguiram levar um funcionário da TV Globo para dar entrevista no SBT?
Ele é meu amigo. Foi muito legal e camarada. Sou bastante agradecido.
Foi tranquila a liberação?
Ele é contratado, mas foi tranquilo sim. Porchat está com bastante moral na Globo. Ele é um comediante com independência e conquistou isso por causa da potência que iniciou na internet com o "Porta dos Fundos". Ele é muito mais independente do que a maioria. Acho isso excelente. Ele é dono da carreira dele e não a emissora. Quanto mais artista houver assim, melhor para o mundo.
Você era bem ativo no Twitter e chegou a causar algumas polêmicas em seus posts. Agora você mudou o seu perfil ou ficou bonzinho?
O Twitter é o seguinte: um dia eu parei de seguir todo mundo e a minha vida mudou. Ficou muito melhor.
Por que ficou melhor?
Como eu não seguia mais ninguém, não tinha aquele movimento no Twitter e eu conseguia ter mais tempo até para trabalhar melhor. Aquilo é uma ferramenta de trabalho, se eu tiver uma piada boa uso no programa, não coloco lá (risos).
Talvez você tenha ficado menos Rafinha Bastos, né?
Mas então, se você assistir ao programa vai ver que estou a mesma pessoa, fazendo a mesma coisa. É que no Twitter é muito fácil você transformar as coisas. Uma piada, em 140 caracteres, não tem contexto e pode-se tirar dali uma declaração polêmica. Transformar aquilo numa história séria. No programa é diferente, a plateia entende a forma que eu entrego a piada, eles já percebem no meu tom de voz. Nunca tive mal-entendido na TV ou no teatro. Isso só aconteceu no Twitter.
Você se sente um artista?
Se alguém me parar na rua pedindo uma foto, eu faço por educação. Não é porque me sinto artista. É muito feio você negar o pedido educado de uma pessoa. Não custa nada, não quero que ninguém se sinta mal. Sou um comediante autoral, crio situações, escrevo meu programa, produzo conteúdo. Sou um comediante.
Você falou agora há pouco de um problema no Twitter. Teve alguma piada que você se arrependeu de fazer?
Quando faço a piada é para as pessoas darem risada, para divertir, ao meu ver. Não posso me arrepender de fazer uma piada. Cirurgião cardíaco erra às vezes e o resultado disso é muito mais grave que um erro meu. Nem sempre vou agradar, mas isso é prova que eu produzo. Não conto piadas de português e nem repito aquelas que todos conhecem há mais de 20 anos. É bola para frente, peço desculpas e sigo.
Você assiste televisão?
Não. É raro eu ver. Trabalho tanto que quando chego em casa é difícil eu assistir. Vou muito ao cinema.
E você assiste ao "CQC"?
"CQC"? Não, nunca mais vi. Porque tenho trabalhado muito.
E sobre a nova geração de comediantes, quem você admira?
Eu admiro os caras que trabalham comigo, que são o Léo Lins e o Murilo Couto. Léo Lins é um cara que tem humor muito racional e o Murilo tem aquela coisa mais abrangente.
Você iria para o SBT sem levar a sua equipe?
Não, não. Isso foi uma coisa que desde o início era uma condição. Só fui porque todos quiseram e o SBT aceitou a equipe completa.
O que você acha do humor do "Zorra Total"?
Cara…Eu respeito. Tem muita gente que gosta…
Ah, Danilo, que resposta é essa, hein?
Eu já fiz um concurso no "Agora é Tarde" para achar um novo talento para o "Zorra". Teve muita gente, mandamos vários, não sei se aproveitaram algum. Eram vários bordões repetidos incessantemente. Eu colaborei com o programa, não é?
Agora que você é famoso, preciso te fazer essa pergunta. Qual é o seu estado civil?
Estou solteiro. Trabalhando muito. Mulher toma muito tempo, cara (risos).
Você não acha que esse é um discurso típico de artista?
Ah, eu sei lá. Não fico num relacionamento sério agora.
Quando foi o seu último namoro sério?
Não lembro…
Nossa Danilo, você está fugindo de todas as respostas, cara!
O último namoro que tive deu até processo. Uma ex-namorada me processou por causa de uma piada.
Está ganhando muito mais?
Olha, eu não estou ganhando muito mais, porém, nunca negociei salário na minha vida. Pode perguntar para a direção artística. Não houve fase de negociação de salário, tanto que na primeira proposta eu aceitei porque foram abordadas condições de trabalho, liberdade… Na verdade, eu não estou ganhando tanto como na Band, mas estou muito feliz porque as coisas estão dando certo e do jeito que eu sempre imaginei. A audiência que cresce é muito bacana. Estamos excelentes.
Você sente na rua essa diferença de estar em uma emissora grande?
A maior diferença que eu sinto é a liberdade. No "The Noite" consegui realizar plenamente o que eu sonhei.
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