Desde sexta-feira, a emissora está treinando intensivamente seus seguranças e bombeiros a lidar com uma eventual tentativa de invasão do prédio da emissora, no Brooklin. O número de seguranças foi reforçado.
A tensão aumentou na sexta à noite, quando houve uma manifestação em frente à emissora, e anteontem, quando milhares de estudantes se dirigiram até a ponte Octavio Frias de Oliveira (a ponte Estaiada), ao lado do prédio da Globo.
A emissora também adotou medidas para reduzir riscos a seus jornalistas.
Nas coberturas das manifestações para o "Jornal Nacional", tem escalado repórteres homens e pouco conhecidos, como Tiago Scheuer, Renato Biazzi e Jean Raupp, de telejornais locais. Eles fazem rodízio. Para chamar menos atenção, alguns repórteres têm feito cobertura sozinhos, sem câmeras, captando imagens com celulares e tablets. Ou "disfarçados" de jornalistas "comuns", usando microfones de lapela e câmeras modestas, sem logotipo da emissora.
Repórteres famosas só entram na cobertura fora dos momentos mais intensos das passeatas, em lugares supostamente seguros (como o Palácio dos Bandeirantes), na repercussão ou apenas como narradoras. As mulheres são preteridas porque chamam mais a atenção.
Dos repórteres mais conhecidos, apenas César Galvão, no helicóptero, e Fabio Turci têm participado da cobertura. A escalação de jornalistas praticamente desconhecidos reduz o risco de hostilização como as sofridas por Caco Barcellos, que mesmo assim produziu um "Profissão Repórter" sobre as manifestações.
A Globo vem até quebrando uma regra do "JN": passou a exibir reportagens em que o repórter não faz "passagem", aquele momento em que o jornalista aparece no vídeo, nas ruas. Nessas reportagens, os profissionais apenas relatam as informações, em off.
Por conta das manifestações, William Bonner deixou de apresentar o "JN" dos estádios da Copa das Confederações. Ontem, voltou para o estúdio.
A orientação na Globo, apesar das dificuldades, é não esconder nada e fazer a cobertura mais equilibrada e isenta possível, até porque as manifestações são notícia relevante e dão audiência.
As hostilizações a equipes da emissora em atos públicos vêm desde os anos 1980, por causa da tentativa de "esconder" o movimento pelas Diretas Já. Também não é novidade repórter cobrir manifestação com microfone sem o logotipo da emissora, como agora.
Ontem, a Globo ampliou o espaço às manifestações. Derrubou o último bloco da novela das seis e colocou no ar um plantão do "JN" de 33 minutos.
Record
Jornalistas das redes Record e Bandeirantes também têm sido hostilizados. Ontem à noite, manifestantes mascarados atearam fogo a um carro de "transmissões ao vivo" da Record à Prefeitura de São Paulo.
0 comentários:
Postar um comentário