Convocada pelo Ministério da Justiça a participar dos debates sobre  eventuais mudanças no sistema de classificação de programas de TV,  filmes e espetáculos, a Associação dos Roteiristas (AR) decidiu não  negociar com o governo federal porque isso seria o mesmo que "barganhar  as limitações" à criação artística.
A Associação dos Roteiristas representa os autores de novelas de todas as emissoras e roteiristas de programas e filmes.
"Não tem sentido nós, autores e roteiristas, negociarmos com o  governo a classificação indicativa. Em primeiro lugar, porque não  aceitamos, por princípio, que outras pessoas, das empresas ou do  governo, saibam melhor do que nós o que é apropriado para o nosso  público. Em segundo lugar, porque não somos nós os concessionários do  Estado e, sim, as emissoras e os produtores. Deles, eventualmente, somos  obrigados a aceitar interferências por força dos contratos", informou  ao blog o presidente da AR, Marcílio Moraes, autor de Ribeirão do Tempo.
"Logo, se alguém deve negociar com o governo, devem ser eles  [diretores de emissoras e produtores]. Nós preservamos a nossa liberdade  de consciência, não vamos barganhar as limitações ao nosso próprio  trabalho, o que  equivaleria a legitimar a interferência", conclui o  autor, que tem o respaldo de colegas como Silvio de Abreu e Walcyr  Carrasco, da Globo.
Os autores de novelas têm manifestado insatisfação com a  classificação indicativa porque, argumentam, ela cria uma espécie de  autocensura nas emissoras, o que inibe a criação. Novelas das sete da  Globo já tiveram várias cenas vetadas pelo controle de qualidade  interno.
Ontem, o governo federal iniciou uma série de debates com membros de  ONGs, do Ministério Público e de emissoras para avaliar uma eventual  revisão no atual Manual de Classificação Indicativa.
 
 

 






 
 
 
 
 
 
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