sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Violência, estupro, medo, série mostra lado obscuro da vida de Bruna Surfistinha

Quando se imagina uma série sobre Bruna Surfistinha, inspirada na vida de Rachel Pacheco, é fácil pensar em um festival de cenas de nudes e takes eróticos, um banquete para tarados de plantão.
Esquece. A série "Me Chama de Bruna", sobre a garota de classe média que resolveu virar prostituta, tem nudez, tem sexo, mas tem uma pegada dramática forte que faz tudo isso ficar menor.
"O fato de ser uma equipe de mulheres, com uma diretora mulher, deu um olhar feminino à série, um olhar responsável sobre a prostituição feminina", fala Maria Bopp (foto), atriz que vive a protagonista da série, Bruna (Rachel), jovem que ficou famosa ao relatar suas aventuras no mundo da prostituição.
"Diferentemente da filme, a série não tem uma romantização da vida de prostituta, da vida da Bruna. Pelo contrário. Mostra o lado obscuro de tudo isso. Há histórias de abusos, de violência, de estupros... É uma outra forma de mostrar isso", explica ela.
E Maria está certa. O primeiro episódio, acompanhado pelo blog em sessão especial, já tem um tom completamente diferente do adotado no longa-metragem sobre a personagem, vivido por Déborah Secco.
"Como essa história já foi contada em livro, em filme, tínhamos essa preocupação em contá-la de um jeito diferente. A série é inspirada na vida da Bruna, mas tem muito mais coisa, tem umas liberalidades. Exploramos algumas histórias mais afundo", diz o diretor de contéudo da Fox Brasil, Zico Góes.
A série não é uma biografia da vida de Rachel até ela se tornar conhecida. Retrata somente o primeiro ano da jovem recém-fugida de casa, vivendo nas ruas, iniciando-se na prostituição. Na época, ela só tinha 17 anos.
Outras temporadas estão à caminho e vão mostrar mais da vida da jovem.
Para conhecer melhor a protagonista, Maria Bopp conversou muito com Rachel. As duas se conheceram de um jeito emocionante, de olhos vendados, com a dona da história contando para a atriz as suas memórias..
"Quando tiramos a venda eu me emocionei muito. Ela também", contou Maria.
As atrizes também conversaram com mulheres que trabalham em uma casa de prostituição no Rio de Janeiro.
"Passamos uma tarde com elas. No inicio, estavam arredias. Depois, começaram a contar histórias sobre a vida delas, contar tudo. Senti uma carência imensa nessas mulheres. Só fomos embora porque os clientes começaram a chegar", conta Carla Ribas, que vive a dona de um bordel na série. Personagem incrível.
Nash Laila, outra atriz do elenco, conta que ela e Maria Bopp chegaram a caminhar pelas ruas de prostituição no Rio de Janeiro, para ver como era a abordagem das pessoas, dos clientes.
"Existe um código entre clientes e prostitutas. Deu para perceber isso", contou ela. "Mas também existe nojo, preconceito, medo. As pessoas que normalmente conversariam comigo na rua meu olhavam de um jeito diferente só porque eu estava entre elas", relata.
Jonas Bloch, Jonathan Haagensen completam o elenco.
Marcus Baldini, diretor do longa original, e Roberto Berliner comandam alguns dos oito episódios da primeira temporada.
A TV Zero e Fox International Channels Brasil coproduzem o programa, que já tem uma segunda temporada sendo planejada.







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