“Avisamos que nossa Elke já não está por aqui conosco. Como ela mesma dizia, foi brincar de outra coisa. Que todos os deuses que ela tanto amava estejam com ela nessa viagem. Eros anikate mahan (O amor é invencível nas batalhas). (Crianças, conviver é o grande barato da vida, aproveitem e convivam)”, diz o texto publicado na web.
Elke estava internada havia quase um mês na Casa de Saúde Pinheiro Machado, no bairro de Laranjeiras, Rio de Janeiro, após uma cirurgia para tratar uma úlcera.
De acordo com o irmão de Elke, Frederico Grunnupp, a artista sofreu uma falência múltipla dos órgãos. “Depois da cirurgia para tratar uma úlcera e como ela tinha diabetes, acabou não respondendo à medicação. Ela morreu antes de 1h”, contou Frederico ao EGO antes de afirmar que ainda não sabe onde e quando será o velório e o sepultamento. “Tenho que avisar muitas pessoas. Ainda não tenho data e nem local de nada.”
Frederico falou ainda sobre o carinho que Elke Maravilha tinha pelo Brasil. “O Brasil foi o melhor lugar para ela. Minha irmã tinha muito respeito por todos aqui. O Brasil foi a tábua de salvação dela e da nossa família. O país abraçou a Elke, o povo sempre foi muito generoso com ela”, contou ele.
A vida de Elke
Nascida na Rússia em 22 de fevereiro de 1945, Elke Georgievna Grunnupp mudou-se para o Brasil ainda criança e naturalizou-se brasileira. Foi modelo, atriz, apresentadora e alcançou fama nacional ao participar como jurada de programas de calouros de Chacrinha e Silvio Santos.
O "painho" Cachrinha
A relação com Chacrinha, a quem chamava de "painho", era muito íntima. Em entrevista ao programa "Altas Horas", em 2014, Elke falou sobre o apresentador, de quem se tornou grande amigo e confidente. "Painho era extremamente afetivo. Ficava horas com ele dentro do camarim. Era muito gostoso".
Ainda no "Altas horas", em 2015, ela dividiu o palco com o ator Stepan Nercessian - que interpretou o Velho Guerreiro no teatro, em "Chacrinha, o musical", ela voltou a falar do apresentador e disse que sua identificação com o "painho" foi imediata. "O painho era uma entidade", disse ela.
Tornou-se amiga também de Zuzu Angel. A história da estilista foi contada nos cinemas em 2006. No longa, Elke foi interpretada pela atriz Luana Piovani e fez uma participação especial. Elke enfrentou a tortura da ditadura e chegou a ficar presa por seis dias. Conseguiu ser libertada por intermédio de Zuzu, que enviou um delegado para tirá-la da prisão.
TV e cinema
Elke participou de diversas produções na TV e no cinema e chegou a ter seu próprio programa, o "Programa Elke Maravilha", entre 1993 e 1996. Atuou em tramas como a minissérie "Memórias de um Gigolô", da TV Globo, em 1986 - na pele da inesquecível dona de bordel Madame Iara -, "Pecado Capital", de 1998; "Da Cor do Pecado", de 2004; e "Caminho das Índias," em 2009; entre outras. No cinema, se destacou em produções como Xica da Silva, de 1976; "Pixote: A Lei do Mais Fraco", 1981; "Meu Passado me condena 2", de 2013; e mais recentemente "Carrossel 2: O Sumiço de Maria Joaquina", lançado este ano.
Um dos seus últimos trabalhos na televisão foi uma participação no quadro "O Grande Plano", do "Fantástico", ao lado de Vilma Nascimento, Berta Loranem dezembro do ano passado.
Aborto e oito casamentos
Em maio, no programa de Raul Gil, no SBT, Elke Maravilha revelou o motivo de não ter sido mãe. A atriz contou que não saberia educar uma criança. "Fiz um aborto pois não saberia educar uma criança. Nunca pensei, só agi. Eu ia fazer um monstro", declarou. Ela disse ainda que "ser bonzinho" com criança era o pior caminho.
Na ocasião, a atriz relembrou ainda a época em que trabalhou com Chacrinha. “Painho era a melhor pessoa do mundo. Era um gênio. Era uma pessoa boníssima, libertaria a libertadora. Ele não tinha preconceito com nada", disse.
Elke falou também sobre seus casamentos. "Fui casada oito vezes. O homem não é uma propriedade minha. Não é uma coisa, é um ser humano". Sobre arrependimentos, ela brincou: "Deveria ter matado algumas pessoas e não tive coragem".
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