A
Rede Globo estreia no próximo dia 18, segunda, a versão em 4k HDR da
minissérie "Ligações Perigosas". O conteúdo é o primeiro na tecnologia
produzido e distribuído no Brasil e estará disponível apenas na
plataforma online da emissora, a Globo Play, para usuários com
televisores capazes de receber o sinal HDR e com uma banda mínima em
torno de 30 Mbps a 32 Mbps.
Trata-se
da primeira experiência pública da Globo com a tecnologia (que vem
sendo estudada internamente há alguns anos), que melhora sensivelmente a
qualidade da imagem, mesmo sem aumentar o número de pixels, levando
mais informação de luz e cor ao display.
Outros
projetos estão no "pipeline" para ganhar versões 4k HDR, conta Fernando
Alonso, gerente de operações de Tecnologia da Globo. "Dupla
Identidade", primeira série exibida em 4k, terá sua versão na nova
tecnologia. Estão na fila também "Justiça", a versão internacional de
"Supermax" (mas não a brasileira) e "Vade Retro", coprodução com a O2. A
série "Dois Irmãos" está sendo captada em HDR, mas ainda não é certa
sua finalização neste padrão.
A
Globo também fará experiências com a tecnologia em outros conteúdos,
como esportes e eventos ao vivo. A abertura dos Jogos Olímpicos será
captada pela emissora em 4k HDR.
Evolução
Segundo
Alonso, a Globo participa dos experimentos que vêm sendo feitos em todo
o mundo no desenvolvimento da tecnologia. "Queremos ajudar a melhorar o
mercado de broadcast e cinema. Quando as novelas começaram, usavam as
mesmas câmeras do jornalismo. Em 2010 foram trocadas por câmeras
digitais de 35 mm, enormes, os diretores reclamavam do tamanho, da pouca
mobilidade. Em 2012 trocamos todo o parque e hoje temos mais de 50
câmeras com capacidade HD, 4k e HDR", conta.
Produzir
em HDR não é só questão de câmera, diz Alonso. Ele conta que a Globo
trouxe um cientista de cor para ajudar a desenvolver o processo,
desenhar o fluxo de produção. Houve um investimento em toda a
plataforma, da captação à finalização. O HDR implica também, como
aconteceu na migração para o HD, em novas técnicas de iluminação,
maquiagem, cenografia etc. "Em 'Ligações Perigosas', por exemplo, havia
um figurino que usava tecido sintético, inexistente na época em que se
passa a história. No HDR isso ficava perceptível e tivemos que trocar",
conta o engenheiro. Apenas no caso das lentes não há mudanças. "As
lentes têm relação com o número de pixels. Como o HDR usa o mesmo número
de pixels que o 4k, não há substituição", explica.
Sensibilidade
Alonso
explica que na tecnologia SDR (Standard Dynamic Range), utilizada até
agora, a imagem alcança uma luminância de 0,05 a 100 cd/m² (candela por
metro quadrado), ou nits, como também é conhecida a medida. No HDR esta
amplitude vai de 0,0005 a 10.000 nits. "O mercado ainda nem está
preparado (em termo de receptores) para 10.000 nits. Estamos trabalhando
entre 100 e 1.000 nits, o que já dá uma grande diferença na imagem",
conta Alonso.
A
película, que até hoje produzia a melhor qualidade possível de imagem,
enxerga mais que 100 nits, conta Alonso, mas menos que o HDR. "O HDR é
melhor que a película", diz.
A
tecnologia se presta sobretudo para telas grandes, mas pode ser
usufruída também em monitores abaixo de 50', diz Alonso. No caso do
Globo Play, a diferença só será percebido nos televisores com HDR, e não
nos tablets e smartphones que também rodam o aplicativo, pois o tamanho
da tela não permite ver as nuances da imagem.
A
transmissão em broadcast terrestre é um plano ainda distante. Alonso
diz que é possível, mas não é uma prioridade. "Ainda estamos fazendo a
migração para o digital, tem que passar essa etapa primeiro". Além
disso, o próprio padrão brasileiro de TV digital, o ISDB-T, não permite o
HDR. Teria que haver uma revisão legal para tanto. A Globo já tem no
entanto um roadmap para testes de transmissão do conteúdo 4k HDR via
redes de cabo. E já existe demanda, conta Alonso, por produtos 4k HDR no
mercado internacional. As primeiras produções da Globo no padrão já
estão sendo comercializadas no exterior.
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