— Às vezes, volto do Projac meio mexida, mas o sentimento ruim vai logo para escanteio. Em casa, é só coisa boa, só felicidade — diz Betty, sem disfarçar que é coruja: — Elas já estão quase nadando, vivem descalças e têm personalidades muito diferentes. Helena é mais tímida, concentrada, e Alice, danada, extrovertida. Vive me pedindo para subir no palco.
Quando foi convidada por Manoel Carlos para interpretar uma personagem que seria odiada pelo público, Betty aceitou de cara. Mas não imaginava o desafio que a esperava: no primeiro dia de gravação com o elenco de apoio, composto por idosos do Retiro dos Artistas, a atriz terminou a sequência em lágrimas.
— Este tema está bem presente na minha vida neste momento. Meus pais estão com mais de 70 anos, requerem cuidados especiais. Então, fiquei muito comovida. Mas depois não chorei mais — conta Betty, que se diz apaixonada por Miss Lauren.
Além do desafio de interpretar um tipo diferente do que o telespectador está acostumado a vê-la fazer na TV, ela comemora a chance de chamar a atenção para um assunto importante.
— O que estamos fazendo tem um peso. É preciso ter este olhar para a velhice, falar sobre a questão do abandono. Todos nós chegaremos lá — alerta a atriz, que, na semana em que entrou no ar, começou a sentir nas ruas a repercussão das maldades de Lauren. — Tenho sido parada por velhinhos, a resposta foi imediata.
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