No principal painel da feira da ABTA nesta quarta-feira (1/8), o vice-presidente da Rede Bandeirantes Paulo Saad (foto) tocou em um dos pontos frágeis da produção independente no país.
"Os caras produzem muita porcaria com dinheiro do governo a fundo quase perdido", disse Saad.
O executivo se referia às leis de incentivo fiscal que financiam a produção cinematográfica nacional e aos mecanismos que direcionam parte dos impostos pagos por programadoras e emissoras de TV para a produção independente de televisão.
Quase todos os programas nacionais produzidos nos últimos anos por canais pagos estrangeiros (como HBO e Discovery, por exemplo) foram realizados com recursos públicos, via mecanismos de incentivo fiscal.
Mais recentemente, a TV aberta também passou a contar com parte dos impostos pagos pela compra de conteúdo estrangeiro (direitos de filmes e eventos esportivos) para realizar séries em parceria com produtoras independentes.
Com a entrada em vigor da nova lei que regulamenta a TV paga (Lei 12.485/11), a Ancine (Agência Nacional do Cinema) estima que R$ 300 milhões anuais de recursos incentivados serão injetados na produção de televisão.
Após perceber o impacto bombástico de sua declaração, Paulo Saad fez uma ressalva. Disse que se referia à produção realizada no país nos anos 1980 sob a tutela da Embrafilme, empresa que financiava o cinema nacional.
Hoje, corrigiu Saad, há "uma melhora de qualidade". Citou como exemplo a série "Preamar", da HBO, feita com recursos públicos.
Principal participante do painel, Manoel Rangel, presidente da Ancine, defendeu a produção independente e lembrou Saad de que "Julie e os Fantasmas", série exibida pela Tv Bandeirantes, é uma produção independente feita com recursos incentivados.
"A realidade da produção independente brasileira é de altíssima qualidade", afirmou.
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