quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Domingos Meirelles diz que pretende revisitar casos não solucionados do "Linha Direta" no seu programa

DOMINGOS MEIRELLES JPEG CHAHESTIAN 7 Domingos Meirelles, novo contratado da Record: Pretendo revisitar casos não solucionados do Linha Direta em meu programa
Anunciado na última terça-feira (25) como novo contratado da Rede Record, Domingos Meirelles (foto) chega à emissora fazendo o que sabe de melhor: jornalismo investigativo. Vencedor de dois Prêmios Esso e Jabuti por sua carreira nas redações e na literatura, o apresentador deve estrear ainda neste semestre uma nova atração e já faz planos. Depois de encerrada esta conversa, Domingos relembrou causos do tempo de repórter de rua e alguns casos que ajudou a solucionar, sem esconder a paixão por sua profissão. Uma verdadeira - e empolgante - aula.
Afastado da TV, desde 2007, quando o "Linha Direta" foi tirado do ar pela Globo, Domingos pretende retomar alguns dos casos não resolvidos pela atração. O jornalista concedeu sua primeira entrevista após a assinatura do contrato ao blog. Leia a seguir.

O que o levou a assinar com a Record?
Temos um namoro antigo. Conheci o Douglas Tavolaro (vice-presidente de jornalismo) num prêmio e tivemos uma primeira conversa, que evoluiu com o tempo. Todos foram muito gentis e elegantes comigo na hora do convite e também na recepção. Hoje, a Record é uma das maiores emissoras do país, tem uma estrutura surpreendente. Acho que este é um grande momento de sua história. A Globo que se cuide. Sou um homem que acredita bastante em intuição e tenho a impressão de que esta é a melhor hora para a emissora.


Já era espectador do jornalismo da emissora?
Ah, sim. Sempre gostei muito do "Jornal da Record". Considero extraordinariamente bem feito e acho que há um grande nível de empatia com o público e entre o Celso Freitas e a Adriana Araújo. Este telejornal faz algo que falta à concorrência: se aproxima do cidadão comum, humaniza as notícias, se coloca no lugar do seu semelhante. Gosto bastante. Também já trabalhei antes com o Paulo Henrique Amorim. Acho que vou ser muito bem recebido.


Sentia falta da TV?
Acredito numa coisa: pode-se até fazer cursos para isso, mas a TV se aprende através dos poros. Quando se entra nesse ambiente a mágica já acontece. Comigo, quando iniciei, vindo do Estadão, percebi que tinha de ter humildade para aprender essa nova linguagem. No começo, ouvi do Armando Nogueira que meus textos eram muito longos. Passei a ouvir conselhos dos câmeras, que me ajudavam a deixar tudo mais conciso. Sempre tive grandes parceiros, tratei todo mundo por igual.


Ainda te param na rua por causa do "Linha Direta"?
Sim, ainda me param muito. Tem até uma história engraçada. Estava num voo e a aeromoça me falou que o comandante queria me ver. Fui até lá e ele disse: "Já li todos os seus livros nessa cabine, quando o avião está no piloto automático. Mas vem cá, por que o 'Linha Direta' saiu do ar? Eu assistia toda quinta, que era meu dia de folga!". (risos). É comum que me reconheçam pela voz ou percebam algo familiar. Acontece muito nos supermercados. Muita gente me dizia que era um erro o programa ter saído do ar, que a Globo deu um tiro no pé. Na época, ele marcava 24 pontos com pico de 32 sendo exibido quase à meia-noite. Mas digo que isso ocorreu devido a questões internas e de chefia, não tinha o que fazer nesse caso.


Tem algum caso não solucionado pelo programa que ainda te deixa com a pulga atrás da orelha?
Ah, sim. Pretendo revisitar alguns deles agora, na Record. Não vou contar quais ainda para guardar a surpresa.


Ficou frustrado durante o tempo em que ficou parado na Globo?
Olha, eu escrevo. Então usei esse tempo para desenvolver outros projetos. Atualmente, estou escrevendo três livros: um sobre a revolução constitucionalista de 1932; outro, sobre o levante da força pública em 1924; e ainda um só com histórias de making of das minhas reportagens mais importantes no jornalismo impresso e na TV. Além disso, vários amigos me pedem para escrever prefácios de livros, analisar seus projetos. E o faço com muito gosto.


O que o espectador pode esperar desta nova fase na Record?
Estou muito contente de voltar ao vídeo. Vou investir no jornalismo investigativo. Esse tempo que passei afastado reforçou uma certeza em mim: o que não se compartilha, se perde. Então pretendo aproveitar este momento para compartilhar um pouco de minha experiência além de boas histórias.

 
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