Daí o propósito de buscar uma Bahia contemporânea, cosmopolita, e tentar escapar da Bahia de Jorge Amado, mais farsesca. Assim como a protagonista da série, Villamarim emendou o expediente atual com "Avenida Brasil", novela em que assinava a direção-geral ao lado de Amora Mautner. Era ele o responsável pelo primoroso núcleo do lixão, com Mãe Lucinda (Vera Holtz) e Nilo (José de Abreu), entre outros destroços do Divino.
Entre uma cena e outra, Villamarim conta que conversou muito com Carvalho, a quem chama de "Waltinho", sobre a "querência" despertada por um local ou por uma prosódia, como acontece em Salvador. "A gente conversou muito sobre o que é esse Brasil."
A câmera, uma Alexia digital - a melhor que existe hoje, segundo o diretor -, também conspirou a favor da fluidez do ator em cena. Ela elimina a "dureza" das câmeras analógicas e "amacia", como ele diz, a imagem, lhe emprestando uma textura de "veludo". "Não quero pensar que quero este determinado quadro, não é o quadro que me interessa, é o que vai ter de verdade nessa cena, mas é claro que tem uma fotografia caprichadésima, uma luz, a gente tem a paleta da cor, que tem um peso importante: vamos fazer uma minissérie quente."
Não que ele queira reinventar a roda. Sabe que nada assim tão inédito pode ser feito, mas persegue a ideia de fazer um produto "com frescor", de "cara nova", aproveitando os recursos técnicos que a televisão dispõe hoje.
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