
A Justiça Federal aceitou parcialmente a denúncia do Ministério  Público Federal (MPF) em São Paulo contra o bispo Edir Macedo e outros  três integrantes da cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus. Com a  decisão, os quatro passam a ser réus e vão responder pelos crimes de  formação de quadrilha para lavagem de dinheiro e evasão de divisas.   
As denúncias de estelionato contra os fiéis da igreja e falsidade  ideológica foram rejeitadas. A Justiça Federal confirmou que houve uma  decisão do caso, mas não forneceu detalhes. O Ministério Público é que  divulgou o conteúdo da decisão. De acordo com o MPF, foi declarado  sigilo no caso pelo juiz da 2º da Vara Federal Criminal de São Paulo.   
O Ministério Público Federal anunciou que vai recorrer das  acusações que foram rejeitadas. A denúncia do MPF descrevia Edir Macedo  como "mentor da política criminosa" da igreja. O ex-deputado federal  João Batista Ramos da Silva, que em 2005 foi pego em um jato no  aeroporto de Brasília com cerca de R$ 10 milhões em espécie, é  denunciado por ser presidente da Universal. A diretora financeira Alba  Maria Silva da Costa e o bispo Paulo Roberto Gomes da Conceição são  apontados como responsáveis por definir e orientar remessas ilícitas de  dinheiro para contas correntes mantidas pela instituição no exterior.  
De acordo com a investigação do Ministério Público Federal, Edir  Macedo e os três integrantes da direção da igreja teriam utilizado os  serviços de uma casa de câmbio de São Paulo para mandar recursos de  forma ilegal para os Estados Unidos, entre 1999 e 2005. 
Dinheiro arrecadado seria levado à casa de câmbio em carros da igreja Universal do Reino de Deus
Doleiros,  ex-proprietários da Diskline Câmbio e Turismo, contaram em depoimento  que o dinheiro arrecadado dos fieis seria levado à casa de câmbio em  carros da igreja protegidos por segurança da instituição. As notas  muitas vezes estavam "amassadas, rasgadas, coladas com duréx, suadas e  rabiscadas". Por causa da grande quantidade, cofres eram alugados em  agências bancárias próximas à casa de câmbio. Os doleiros se  encarregariam de transferir o dinheiro para contas bancárias nos Estados  Unidos.  
A investigação se valeu também do depoimento registrado em  cartório por Waldir Abrão, ex-diretor da Universal e ex-vereador no Rio,  seis dias antes de ser morto em 2009. Ele declarou que as doações de  fieis eram entregues diretamente na tesouraria da instituição e que só  10% da quantia era depositada na conta da igreja. O restante era  remetido, de acordo com Abrão, por doleiros para o Uruguai e outros  paraísos fiscais. As circunstâncias da sua morte ainda não foram  esclarecidas.  
Em 2009, o Ministério Público Estadual de São Paulo chegou a  apresentar denúncia contra Macedo e oito dirigentes da igreja por  lavagem de dinheiro, mas o Tribunal de Justiça do estado anulou o  processo, em outubro de 2010, porque entendeu que a investigação deveria  ser remetida para a Justiça Federal.   
A denúncia do MPF havia sido apresentada no dia 1º de setembro  pelo procurador da República Sílvio Luís Martins de Oliveira e também  utiliza fatos que foram levantados pela investigação do Ministério  Público Estadual.  
 O advogado da Universal, Antonio Sergio Pitombo, informou na  tarde desta sexta-feira que ainda não havia tomado conhecimento da  decisão.  






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