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domingo, 18 de outubro de 2015

A despedida do século XIX da trama das 18h

O telespectador apegado à Condessa Castellini (Irene Ravache) e ao seu séquito de empregados, às intrigas de Melissa (Paolla Oliveira) e às maravilhas curativas do dr. Botelho (Marcelo Torreão) vai se despedir de tudo isso muito em breve. “Além do Tempo”, ótima novela de Elizabeth Jhin dirigida com muito brilho por Rogério Gomes e Pedro Vasconcellos, se deslocará para os dias de hoje nos próximos capítulos. Os personagens reencarnarão e as conexões entre eles serão reconfiguradas. É um passo e tanto.
Na História da telenovela brasileira, há um caso famoso envolvendo “Anastácia, a Mulher sem Destino”. O enredo era escrito por Emiliano Queiroz para a TV Globo em 1967 e amargava baixos índices de audiência. Janete Clair foi convocada para salvar a pátria. Ela inventou um terremoto, matou o elenco quase todo e fez a trama avançar 20 anos. O truque deu certo. Já “Além do Tempo” é vitoriosa no ibope, o que torna a jogada de Elizabeth ainda mais corajosa. Para operar essa transferência de cronologias, a autora criou uma cena em que Lívia e Felipe (Alinne Moraes e Rafael Cardoso na foto acima) se afogarão juntos. Eles aparecerão submersos e emergirão em outras vidas. Na nova fase, o que foi construído desde a estreia não será descartado, pelo contrário. Os personagens ressurgirão com os mesmos nomes, prontos para uma outra jornada espiritual, com a porta aberta para eventuais redenções. Crenças religiosas à parte, esta será, de qualquer forma, uma aventura desconhecida, um placar zerado.
A dupla composta por Irene Ravache e Ana Beatriz Nogueira voltará. Vitória e Emília serão mãe e filha, mas nem por isso sua relação estará pacificada. Vitória terá abandonado Emília quando ela tinha 7 anos para ir atrás de uma paixão. Agora, elas se reencontrarão. É uma segunda chance para elas e para todos os demais. São duas novelas em uma, papéis duplicados para o elenco todo. É interessante. Até aqui um trama com estrutura clássica — vilãs carregadas e mocinha batalhadora etc —, “Além do Tempo” dará um salto ousado de roteiro. A julgar pela habilidade mostrada pela autora até aqui, tem tudo para dar certo. É caso de acompanhar.





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