Não é porque um certo Divino, subúrbio fictício de "Avenida Brasil",
fez pouco caso da zona sul carioca e mostrou fôlego de narrativa
seriada, que o Leblon folhetinesco de Manoel Carlos (foto) caiu em desgraça.
Autor sem pudor de dedicar seus enredos invariavelmente ao bairro onde
vive, tendo sempre uma história de vida em primeiro plano, ele constrói
aquela que promete ser sua última Helena, agora na voz de Júlia
Lemmertz, filha da primeira representante da dinastia helênica do autor -
Lilian Lemmertz, em "Baila Comigo" (1981). E pode apostar: "Em Família", que substitui "Amor à Vida" a partir de 3 de fevereiro, é a volta do novelão clássico ao posto de folhetim das 9.
Novelão, digo, no quesito estilo, e não na duração de capítulos, que
fique entendido. Manoel Carlos não é exceção no grupo de autores e
atores que reivindica folhetins mais curtos, bandeira que já parece
convencer executivos dedicados à produção do gênero. Fato é que o tamanho do enredo não inibe iniciativas de inovação nem
receitas avalizadas pela audiência. "Posso não ser um estouro, mas não
faço feio no Ibope", diz Maneco, como é tratado. "E não acho que as
pessoas que gostavam das minhas histórias vão deixar de acompanhá-las
por terem gostado de 'Avenida Brasil'." Conhecido morador do bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, o autor recebeu o Estado
no segundo andar de seu apartamento, cercado de livros e DVDs, onde lhe
chegam correspondências pelo correio de todo canto, sem que seu
endereço conste necessariamente no envelope. "As pessoas colocam lá:
'Manoel Carlos, Leblon', e a carta chega", diverte-se.
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