A assessoria de imprensa da TV Cultura informa que Sayad não irá comentar seu artigo.) Em artigo publicado hoje na Folha de S.Paulo, o presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad (foto), dá a entender nas entrelinhas que a entidade seria hospedeira de "ratos" praticantes de uma "corrupção mixa".
Sayad diz preferir chamar esse tipo de corrupção de "corrupção brega".
No artigo, intitulado "Taxonomia dos Ratos", em nenhum momento Sayad cita a Fundação Padre Anchieta, mantenedora, com 50% de verbas do Estado, da TV Cultura.
Irônico, diz que está fazendo um trabalho de classificação da corrupção.
O blog procurou a assessoria de imprensa da TV Cultura e pertuntou: A quem Sayad se refere?
Não houve resposta até a publicação deste texto. A assessoria de Sayad poderá argumentar que o economista se referiu à corrupção em geral.
Mas uma frase de seu texto, justamente a penúltima, permite ao leitor relacionar a corrupção que Sayad classifica com a entidade que dirige:
"Proponho, a quem tiver a paciência de continuar o trabalho de classificação, chamá-la de 'corrupção brega'. Minha paciência de prosseguir na tarefa acabou. Estou indignado".
A que tarefa Sayad se refere? À de classificar a corrupção, taxonomista que não é, ou à de combatê-la, presidente de uma entidade pública que é?
A segunda alternativa é óbvia, já que Sayad está deixando o cargo. Sem o apoio do governador Geraldo Alckmin, não poderá concorrer a um novo mandato daqui a uma semana.
"Minha paciência de prosseguir na tarefa acabou" é muito mais uma forma de dizer "Renuncio à reeleição" e "Cansei de lutar contra a pequena corrupção" do que "Cansei de brincar de classificar a corrupção".
Taxonomia dos ratos
No artigo, Sayad divide a corrupção do setor público em dois grupos: "A grande corrupção (chamemos de corrupção 'à la grande') está associada a investimentos públicos enormes. É o mundo das negociações impressionantes, das concessões viciadas, das toneladas de cimento".
O economista cita como exemplo o prédio do Tribunal Regional do Trabalho, na Barra Funda, que custou R$ 160 milhões a mais do que o previsto. Conclui, com seu pragmatismo de economista: "A relação custo-benefício, no final das contas, foi positiva: houve custo excessivo, mas o prédio ficou pronto. (...) Acabou a obra, acabou o roubo".
Já a "corrupção pequena", segundo Sayad, é aquela em que se "contrata parentes, compra papel higiênico superfaturado, orienta a criação de empresas de fachada para prestarem serviços, cria cooperativas para pagar funcionários terceirizados, faz acordo de 'kick back' com os fornecedores e, principalmente, avacalha, paralisa, lasseia e termina por matar a organização que administra".
Prossegue:
"Esse tipo de corrupto 'petit cash' instala-se em organizações públicas menores, nas quais pode atender a fisiologia e a necessidades de financiamento eleitoral sem ser percebido de imediato".
Sayad não diz, mas a "corrupção pequena" por ele descrita parece ter o manequim da TV Cultura.
Já que o elegante Sayad não quer dar nomes aos bois, poderia o Ministério Público tentar fazê-lo, não?
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