A emissora disse a Alberti que ele foi dispensado em uma redução de custos que eliminou o emprego de outros 15 profissionais. No meio jornalístico, no entanto, a demissão causou estranheza não só pelas recentes ameaças de morte e pelas inevitáveis insinuações de que o corte poderia ter sido motivado por pressões políticas. Alberti é o jornalista mais premiado da história da RPC.
Em 2010, uma investigação de dois anos comandada pelo produtor resultou na "demissão" de 724 servidores fantasmas da Assembleia Legislativa do Paraná, gerando uma economia de mais de US$ 400 milhões por ano aos cofres públicos.
A reportagem rendeu à rede paranaense de TV alguns dos prêmios mais importantes do jornalismo. A série Diários Secretos, como foi batizada, levou o Grande Prêmio Esso, o mais desejado do país, e o Global Shining Light Award, um dos principais do jornalismo investigativo mundial. A entidade que entrega a láurea considerou a reportagem uma das dez mais impactantes da história do jornalismo investigativo, ao lado do escândalo Watergate (1972).
Alberti trabalhava havia 16 anos na RPC. Ele agia nos bastidores, apurando informações. Fazia parte do primeiro time de repórteres investigativos que não mostram o rosto, como Eduardo Faustini, do "Fantástico", e Tim Lopes, assassinado em 2002. Só apareceu uma vez, num "Globo Repórter" de 2009.
O jornalista esteve por trás do noticiário da Lava Jato até março do ano passado, quando trocou Curitiba por Londrina para se aprofundar nas investigações da Publicano, operação da Polícia Federal contra um esquema de desvio de dinheiro da Receita Federal, fraude na manutenção de veículos oficiais do Estado e corrupção de menores. Entre os envolvidos, estavam um primo, o fotógrafo e um colega de corridas do governador.
Após um mês de apurações, no entanto, Alberti foi chamado de volta a Curitiba pela diretoria de jornalismo da RPC. Seus chefes argumentaram que um funcionário do governo do Estado alertou a TV de que o repórter seria assassinado durante um assalto em Londrina. Para protegê-lo, a RPC tirou Alberti do Paraná durante dez meses. Ele ficou quatro meses entre São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis e outros seis no Canadá.
Alberti voltou ao Brasil no início deste ano. Segundo um colega de profissão, a direção da RPC pediu para ele, por questões de segurança, não atuar como "protagonista" de investigações envolvendo autoridades estaduais.
Alguns amigos o alertaram de que ele seria demitido, que isso já estava combinado desde que fora "resgatado" em Londrina, em abril do ano passado, com direito a carro blindado e escolta. A "profecia" se concretizou no último dia 11, quatro dias antes de Alberti completar 45 anos.
Procurada, a assessoria de imprensa da RPC informou que a emissora não vai se manifestar sobre o assunto.
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